Podemos definir o cinema como um processo de captação e projeção de imagens em movimento, que o enquadra como arte, comunicação e, até mesmo… ciência!
Isso porque, a partir da fotografia e do avanço tecnológico, várias invenções que surgiram no fim do século XIX possibilitaram o nascimento do cinema. Thomas Edison, que você deve conhecer como o inventor da lâmpada, construiu uma pequena caixa de projeção chamada cinetoscópio, enquanto outros instrumentos como o filme de rolo foram surgindo. Até que, numa exibição pública em um café parisiense no ano de 1895, os irmãos Lumière apresentam o cinematógrafo, uma máquina capaz de captar e projetar imagens em movimento, ou filmes, como podemos chamar.
A questão é que esses filmes eram documentais, ou seja, eles retratavam o cotidiano, como operários saindo das fábricas ou um trem chegando à estação. Demorou um pouco até que nomes como Alice Guy-Blaché e Georges Méliès revolucionaram narrativas e técnicas cinematográficas.
A chegada do trem na estação (1895)
Nos anos 1960, três mulheres negras fizeram história ao integrar brilhantemente a equipe da NASA, agência norte-americana de pesquisa espacial. Enquanto Mary Jackson foi a primeira engenheira negra a integrar a equipe da Agência, Katherine Johnson foi a matemática dita como principal responsável pelos cálculos que permitiram levar o primeiro homem daquele país a orbitar no espaço. Junto a elas, Dorothy Vaughan desempenhou um papel fundamental na transição de dados da NASA para computadores eletrônicos.
O cinema conta essa e inúmeras outras histórias, inspiradas ou não em acontecimentos reais. Fato mesmo é que ciência e tecnologia permeiam a existência do cinema desde seu surgimento, com a invenção de diversos artefatos que ajudaram os irmãos Lumière a construírem o cinematógrafo, até as mais recentes tecnologias como o 3D e IMAX.
Tendo tudo isso como desculpa, a equipe do C2 organizou uma lista com alguns filmes sobre ciência para você assistir nas férias, ou numa maratona do fim de semana!
Estrelas além do tempo (Disney +)
O filme conta a história pouca lembrada de Mary Jackson, Katherine Johnson e Dorothy Vaughan, três mulheres negras na NASA que foram as mentes responsáveis pelo sucesso da operação que lançou o astronauta John Glenn em órbita terrestre.
Enquanto lutavam por direitos básicos e reconhecimento, o trio visionário cruzou todas as barreiras de gênero e raça para inspirar gerações e revolucionar a ciência em meio à Guerra Fria. Inspirado em fatos reais, o filme concorreu em três categorias do Oscar.
Interestelar (HBO Max e Prime Video)
Em um futuro distópico, a produção de alimentos na Terra está em declínio, o que leva um grupo de astronautas a embarcar em uma jornada para encontrar um novo planeta habitável para a humanidade. Mesmo sabendo que poderia nunca mais ver sua família, o astronauta Joseph Cooper aceita a tarefa e embarca numa missão de incertezas.
Por mais que se trate de uma ficção científica, o filme introduz diversos temas da física que podem ser explorados, como ondas gravitacionais, dilatação gravitacional do tempo, buracos negros, buracos de minhoca e realidade de cinco dimensões. O filme teve cinco indicações ao Oscar.
Abrigo nuclear (Youtube e Libreflix)
Após o planeta ser afetado por explosões nucleares que deixaram o solo e a atmosfera contaminados por radiação, os poucos sobreviventes vivem em abrigos no subsolo controlados por cientistas autoritários. Após alguns acontecimentos, um grupo de rebeldes se une para buscar evidências de que o ser humano já habitou a superfície da Terra.
Brasileiríssimo, o filme foi um dos pioneiros do gênero de ficção científica no nosso país, contando uma história que mescla ciência e totalitarismo de uma forma extraordinária. Nada distante do Mito da Caverna de Platão, o roteiro foi muito inspirado por outros longas de ficção e fantasia dos anos 60 e 70 e, por enquanto, está disponível no Youtube!
Vida de inseto (Disney +)
O filme narra a jornada de Flik, uma formiga com grande criatividade, mas atrapalhada. Anualmente, o gafanhoto Hopper e seu grupo ameaçam a comunidade das formigas, obrigando-as a ceder parte de sua colheita. Mas, por acidente, Flik acaba destruindo toda a reserva de alimentos que seria entregue aos gafanhotos, obrigando Flik e outras formigas a encontrar uma saída.
De maneira envolvente, o filme apresenta conhecimentos sobre a natureza e suas complexas relações, usando o viés lúdico para transmitir valiosas lições sobre o ambiente e destacando a importância das formigas tanto numericamente quanto no contexto ecológico.
A chegada (Netflix, Prime Video e Paramount+)
O filme se concentra numa linguista recrutada pelo governo para tentar decifrar a linguagem de alienígenas que chegaram na Terra, em uma narrativa que explora como a compreensão da língua dos visitantes pode desvendar conceitos sobre o tempo e a percepção humana.
Com um mix de drama e ficção científica, a obra conta uma história interligada entre teorias de física, linguística e comunicação, mostrando como a compreensão da linguagem extraterrestre pode influenciar nossa visão do tempo e da realidade. O filme teve oito indicações ao Oscar.
O homem que viu o infinito (HBO Max)
Durante a Primeira Guerra Mundial, o matemático Ramanujan embarca em uma jornada da Índia para a Universidade de Cambridge. Lá, ele conhece o professor Hardy e uma história extraordinária começa a se desenrolar. Ramanujan não apenas luta para compartilhar sua mente brilhante com o mundo, mas também trava uma batalha para ser compreendido e aceito no ambiente acadêmico britânico.
Essa história cativante não apenas ilustra a genialidade de Ramanujan, mas também destaca o poder transformador de uma amizade, mostrando como essa conexão especial entre dois indivíduos pode deixar um impacto duradouro e revolucionário no mundo da ciência.
O óleo de Lorenzo (Apple TV, Prime Video)
A narrativa mostra um garoto que levava sua vida normalmente até seus seis anos, quando ele passou a ter diversos problemas de ordem mental que foram diagnosticados como ALD – Adrenoleucodistrofia, uma doença extremamente rara, que provoca uma incurável degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em pouco tempo. Os pais do menino ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.
Além da potência da própria história, a obra pode ser vista como uma verdadeira analogia da pesquisa de caráter científico. A persistência dos pais em não aceitar o veredito de que não há cura para a ALD faz lembrar muito a de quem faz ciência nas mais diversas áreas, desafiando as barreiras do conhecimento estabelecido, questionando dogmas e convicções arraigadas para explorar novas possibilidades. Os pais de Lorenzo, ao enfrentarem todas as adversidades com bravura, resistência e persistência, personificam o espírito intrépido dos pesquisadores que desbravam o desconhecido em nome da ciência e da esperança.
Para conhecer outros filmes e saber um pouco mais sobre a história de Alice Guy-Blaché, você pode acessar uma outra lista do C2 com filmes sobre ciências para ver no streaming.
Boa maratona!
EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto: Guilherme de Souza Oliveira
Colaboração: Andressa Rickli e Hellen Vieira
Supervisão de texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Hellen Vieira
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior
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A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS: