“A arte de criar mundos inexistentes”. Assim os professores/as de arte se referem à técnica do desenho e da ilustração. Com um lápis na mão e com uma folha de papel em branco na frente podemos, de fato, criar mundos diversos: uma casa com duas portas, uma galinha maior do que a casa, um sol amarelo sorrindo tímido, uma nuvem com braços abertos ou, “uma lua dentro do mar”, conforme sugeriram artistas como o espanhol Joan Miró.
Mas se engana quem acha que a ilustração é uma técnica de representação exclusiva do mundo das artes. Não são apenas crianças ou artistas que criam os mundos com seus lápis, borrachas, papéis e canetas. Cientistas e pesquisadores possuem o importante desafio de representar seus objetos de pesquisa com bastante fidelidade em ilustrações. Esse universo de criação que combina prática, técnica, pesquisa e boa dose de criatividade é chamado de ilustração científica. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), e em todo o estado do Paraná, não são poucos os pesquisadores/as que se dedicam a essa técnica, que merece reconhecimento.
O livro “A dupla hélice: como descobri a estrutura do DNA”, do ganhador do prêmio Nobel James D. Watson, conta a história desse zoologista e doutor em genética, que buscava entender como era a estrutura complexa de dupla hélice do DNA. DNA é a sigla do termo Ácido Desoxirribonucleico, uma molécula presente no núcleo das células de todos os seres vivos, que carrega o material genético.
Watson descreveu que, mesmo com a molécula fotografada em raio X, a estrutura da molécula não era de fácil compreensão para o olhar humano. A ideia de seu formato veio mesmo, segundo ele, “enquanto desenhava os anéis fundidos de adenina no papel. De repente, percebi as implicações potencialmente profundas de uma estrutura de DNA na qual o resíduo de adenina formasse ligações de hidrogênio similares àquelas encontradas em cristais de adenina pura”, descreveu. E continuou: “Se o DNA fosse assim, cada resíduo de adenina formaria duas ligações de hidrogênio com o resíduo de adenina relacionado a ele por uma rotação de 18 graus”. O insight poderoso que surgiu na ponta do lápis foi o responsável pela criação da primeira ilustração do DNA. Trata-se de uma imagem tão poderosa para as ciências que, quando falamos em DNA, acredito que praticamente todo mundo imagina visualmente essa estrutura. Algo que sem o contato com a ilustração ficaria bem mais difícil de se imaginar ao se ler apenas a descrição textual da molécula, por exemplo.
O exemplo da ilustração do DNA é interessante para pensarmos que a ilustração científica, assim como a artística, cria um mundo que, até então, não existia ou era imaginado. Cabe lembrar que, antes mesmo de surgir o raio X ou a fotografia, outras formas de visualizar o mundo ou o corpo humano já eram sugeridas por artistas. Eles foram os verdadeiros responsáveis por tornar “visível” aquilo que era “invisível”. Eles imaginaram como seriam os sonhos e, também, se perguntaram: como representar o interior do corpo? Como representar o mundo celestial? Como mostrar o que alguém está pensando? As perguntas dialogaram com os interesses da ciência e dos cientistas, que sempre se beneficiaram dessa habilidade de pensar em outras formas de representação do conhecimento. Cientistas, além de fazer ciência, também se preocupam em escrever um texto sobre a pesquisa, em apresentar a ideia em forma de palestras em congressos ou defender sua visão em um debate. O texto escrito ou falado são recursos que conseguem “dizer”, “mostrar” e “descrever” algo. Mas uma imagem, uma ilustração, tem uma capacidade de “dizer” muita coisa, muitas vezes de forma mais rápida, didática e eficiente.
Não é por menos, então, que, no cotidiano de diversas áreas do conhecimento, haja profissionais que se dedicam a ilustrar objetos, animais ou coisas, inclusive invisíveis e “microscópicas”. Alguns desses pesquisadores/as e ilustradores/as científicos estão espalhados pelo estado do Paraná e acumulam o papel de fazer pesquisa, escrever artigos, dar aulas e palestras, e ilustrar seus objetos de pesquisa.
A pesquisadora Andréa Bialetzki, do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), na UEM, é um exemplo desse fazer e ilustrar a ciência. A professora, que também é coordenadora do Laboratório de Ictioplâncton, trabalha há mais de 30 anos na área e tem doutorado em Ecologia de Água Doce. Ela destaca, justamente, essa capacidade da ilustração em lembrar de aspectos que apareceriam invisíveis. “Como trabalhamos com ovos e larvas de peixes, esses organismos não são microscópicos, mas nós precisamos de um equipamento, uma lupa, para ver todos os detalhes. Esses detalhes, em uma produção científica, precisam ser transcritos de alguma forma, sejam em foto ou ilustração.” A ilustração científica, então, consegue traduzir para a forma visual todos os detalhes que os pesquisadores querem mostrar em um organismo.
Assim como a imagem em raio X do DNA não dava conta de destacar a real configuração da sua estrutura, muitos/as ilustradores/as científicos nos lembram que, mesmo de posse de câmeras fotográficas, alguns detalhes são melhor apreendidos quando ilustrados. “Algumas estruturas não aparecem quando se tira uma foto, por isso, de vez em quando elas precisam ser coradas para que se consiga ver a formação dos raios. Para isso, usamos um corante chamado azul de metileno, ele evidencia a estrutura e, assim, fica mais fácil a sua visualização na ilustração”, reforça a professora Andréa.
Não precisamos ir muito longe para validar essa afirmação. Basta conversar com um/uma profissional da área da saúde e questionar ele/ela sobre a importância de se ter um bom livro de Anatomia. Os bons e os mais clássicos livros dessa área são recheados de ilustrações científicas dos sistemas, dos aparelhos e órgãos. As fotografias não dariam conta de capturar os detalhes que as ilustrações conseguem nos dar. As ilustrações são justamente os itens mais preciosos e admirados nos livros de Anatomia. Más ilustrações podem criar más representações mentais do corpo, a depender do que será feito por um/uma médico/a, por exemplo, essa representação pode comprometer a habilidade do/a profissional. Então, as ilustrações são parte fundamental da formação deles/as. Sabemos que, nas aulas de Anatomia, no período do Renascimento, artistas e médicos disputavam o espaço para olhar e desenhar os diversos elementos do corpo humano em suas pranchetas.
Cabe então diferenciar que a ilustração científica não é a mesma coisa que uma ilustração baseada na ciência, que é aquela quando o artista tem liberdade criadora para, assim como disse Miró uma vez, “colocar a lua onde ele quiser”. A lua ilustrada era do Miró e, de fato, como artista, ele podia colocá-la onde ele bem quisesse, inclusive pintá-la dentro do mar. Mas o ilustrador científico deve ter um rigor, não pode ir soltando luas onde não tem. É uma atividade que exige atenção, cuidado e precisão.
“Partindo dessa ramificação da ilustração científica, ela exige muita técnica, diferente por exemplo de uma ilustração mais lúdica que se tira da imaginação”, disse Carlos Eduardo Vargas Grou, biólogo e doutorando na UEM, que trabalha com taxonomia. Vargas reforça que a ilustração científica deve vir justamente quando a imagem fotográfica não dá mais conta para representar o objeto estudado. “E o legal da ilustração é que a gente consegue ampliar estruturas que na foto não fica tão fácil de entender. Então, conseguimos fragmentar. Só com algumas linhas você já consegue mostrar qual o formato daquele dente, daquela escama, o que ficaria um pouco mais difícil e complexo no caso de uma foto”, exemplifica o pós-graduando.
A professora Andréa e Carlos Eduardo são pesquisadores da Biologia, área que naturalmente sempre se atrelou às ilustrações das plantas ou dos animais. A pesquisa do grupo no Paraná atraiu o biólogo Mateus Babichi Veiga de Souza, que veio da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul para fazer o mestrado no Programa de Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), pesquisando justamente ovos e larvas de peixe no Nupélia. Segundo ele, a ilustração é capaz de tornar algo mais didático. “Alinhar ilustração ao texto possibilita destacar e detalhar elementos que são importantes de serem observados”, afirma o mestrando.
Assim como o grupo de pesquisadores do Nupélia, diversos outros aceitaram o desafio e estão se valendo da ilustração científica. Na história da arte, é conhecido o fato de que os primeiros artistas “rupestres” que desenhavam cenas de caça nas paredes de cavernas, assim o faziam porque acreditavam que, ao desenhar a cena, também dominariam a técnica de caçar no mundo real. Essa dimensão quase mágica de dominar o conhecimento de algo porque se domina a técnica de representação, esteve presente na fala do Carlos Eduardo ao comentar sobre as ilustrações de uma espécie de tartaruga que fazia no momento em que o visitamos para a entrevista. “Como biólogo, ser também ilustrador é muito legal e importante, estamos desenhando organismos que estudamos. Quando a gente desenha acaba gravando mais ainda aquele formato. Por exemplo, quando vou para campo e pego as tartarugas, geralmente eu fico olhando e, assim já chego, e desenho o que lembro. Para fazer uma ilustração dessas da tartaruga demoro horas sentado, porque, para ilustrar, você precisa estudar o organismo antes, saber quantas escamas, quantos raios ele tem, demora muito tempo.”
No coração desse fazer, está o interesse desses pesquisadores em divulgar suas pesquisas. De apresentar ao mundo algo por meio do qual se é desconhecido. “Sabemos que tudo isso já acontecia antes mesmo dos biólogos, na época dos naturalistas, quando não tinha fotografia, mas legal se falar que a ilustração está na essência do biólogo. Eles vinham, pegavam o organismo, desenhavam a mão, faziam as pranchas, era uma maneira de comunicar às pessoas. Se eles levassem uma planta daqui do Brasil, ela não ia chegar viva lá do outro lado, então o naturalista fazia o desenho, não tinha nem o nanquim na época, talvez até algumas aquarelas. Era a maneira de representar aquilo que eles estavam vendo aqui”, explica a professora Andréa.
Para Andréa Bialetzki, a ilustração tem o poder de comunicar de forma mais clara aquilo que o pesquisador quer mostrar de forma técnica. Nesse ponto, Mateus de Souza complementa, dizendo que a ilustração permite até mesmo quem não é da área identificar e visualizar o objeto estudado. “Eu acho que essa é a função do cientista, a gente tem que divulgar e atingir o maior número de pessoas com a nossa pesquisa e não ficar restrito apenas a nossa bolha”, destaca o biólogo.
A importância da ilustração para o grupo na UEM e para a ciência paranaense no geral reforça que a ilustração é uma habilidade e como tal precisa ser aprendida e estimulada, pois há diversos elementos que precisam ser dominados. Na ilustração científica, existem várias técnicas, como pontilhismo, aquarela, grafite, entre outros. Cada uma delas exige diferentes materiais, como canetas, espessuras, pontas, papéis e dimensões específicas. Além disso, existem também as diversas perspectivas e pontos de vista que podem ser trabalhados pelos ilustradores.
Os pesquisadores reforçam que, na formação do biólogo, a dimensão do ilustrar está muito presente. Muitos professores desenham estruturas de espécies no quadro para destacar um ou outro ponto durante suas aulas. É comum também os estudantes estarem com caderninhos de ilustração para reproduzir o que estava sendo mostrado: peixes, algas, animais diversos ou plantas. Andréa Bialetzki lembra que esse caderno de ilustrações era inclusive avaliado pelos professores na época em que cursou a universidade.
Para a artista plástica e ilustradora Tania Regina Machado, o avanço da tecnologia e a popularização das fotos, não faz as ilustrações perderem seu espaço. Ela vê essas mudanças como transformações e destaca a importância de acompanhar esses processos. “As novas tecnologias acrescentam maneiras de ensinar e aprender de forma diferenciada e eficiente. Podemos pensar que são alternativas. A ilustração digital não substitui a tradicional, elas podem se complementar. Podemos conhecê-las e nos beneficiar delas. A internet tornou tudo mais acessível, o ilustrador expõe o seu trabalho em diversos níveis, inclusive, o internacional”, afirma a artista.
Tania Machado começou seu trabalho profissional em 1983 como professora e artista, ministrando cursos anuais de extensão da UEM. Ela coordenou ali o grupo APIS – Artes Plásticas na extensão da UEM, até 2018, quando finalizou suas atividades na instituição. A ilustração surgiu na vida de Machado nas aulas de laboratório, enquanto cursava Zootecnia, no período de 1978 até 1982. “Isso também definiu o meu gosto pelo detalhamento, o fascínio pela descoberta das estruturas intrincadas da natureza”, acrescenta ela. Tania já trabalhou com anatomia humana e animal e, desde 2017, explora a ilustração botânica, segmento que desenvolve atualmente, sob a tutoria da ilustradora botânica Diana Carneiro.
Segundo ela, o papel fundamental do ilustrador científico é educar, conscientizar e comunicar ciências não só para a comunidade científica, mas para toda a sociedade. O profissional dessa área tem a capacidade de representar de forma gráfica os temas vastos da ciência, com clareza e riqueza de detalhes, para um público diversificado e, além de produzir, também é preciso divulgar esse conhecimento. “A comunicação e o aprendizado se manifestam muitas vezes mediados por imagens. A ilustração passa uma mensagem direta, fácil de ser entendida. O ilustrador científico é o profissional que as produz, nas mais diversas formas de publicações, pois compreende a linguagem científica e entende as estratégias de comunicação visual. Essa curiosidade é manifestada pelas pessoas em diversas situações, como, por exemplo, entender visualmente a estrutura biológica de um vírus, a ilustração se apresenta para elucidar e esclarecer de forma precisa”, explica a professora.
Durante o processo de produção de uma ilustração científica, existe um caminho de idas e vindas, começando nos estudos iniciais, na forma de esboços, feitos com o material coletado, com ou sem o auxílio de imagens fotográficas, estudos das formas e composição da prancha, das cores, e, se for o caso, esses primeiros materiais são analisados pelo pesquisador, até se chegar ao resultado desejado para a determinada finalidade. Tania destaca que sempre vê esse processo como uma rotina muito estimulante, “a descoberta de formas e novas estruturas são desafios na busca da melhor representação. Cada ilustração é única, pois cada espécie é única em sua singularidade.”
De modo mais técnico, cada ilustrador científico desenvolve um processo específico, o objetivo é representar seu objeto de estudo destacando os aspectos que o pesquisador deseja explicar, condicionado a uma visualização precisa. A professora explica que as escolhas dos materiais: aquarela, nanquim, grafite, lápis de cor, ilustração digital, estarão de acordo com as necessidades que determinada ilustração exige. Dessa forma, o ilustrador científico está em constante aprendizado, praticando suas habilidades de desenho e proporção, treinando seu olhar de forma objetiva, na representação, e subjetiva, na interpretação do que aquele elemento representa. Os detalhes como texturas, volumes, proporções são desafios para a representação do tridimensional, na superfície bidimensional.
A parte teórica da ilustração científica
Além dos ilustradores científicos, temos as pessoas que fazem ilustrações e também realizam pesquisas nessa área. Esse é o caso da professora Rute Yumi Onnoda, formada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atualmente, ela é mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela UEPG e trabalha no ensino de desenho em espaços não formais, além de ser ilustradora de materiais didáticos, literatura infantil e textos diversos.
Apesar da formação em Farmácia e Bioquímica, Rute Yumi Onnoda desenha desde os 9 anos de idade e sempre teve muito interesse nessa área. Na época em que prestou vestibular, não havia opções de graduações que envolvessem arte ou desenho em sua cidade, Ponta Grossa, e como ela não tinha condições de estudar fora, acabou escolhendo Farmácia e Bioquímica, por gostar da parte de laboratório. A surpresa dela foi que o curso exigia bastante desenhos científicos.
Porém, o destino queria a professora em diálogo com a área de artes e, devido a um problema de saúde, ela acabou se voltando para o desenho. “Fiquei em torno de cinco anos em tratamento de LER/DORT [LER – Lesão por Esforço Repetitivo/DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho] e após cinco cirurgias no punho, eu fui fazer aulas de desenho como fisioterapia, reabilitação”, conta Onnoda. Um dos motivos de ela não produzir ilustração científica é por não ter mais o movimento de precisão requerido nessa atividade. Mas nem por isso ela se limita: acaba produzindo pinturas que têm uma característica entre o “inacabado” e o “lúdico”, uma vez que a arte acomoda e aceita esta linguagem. Assim ela consegue criar imagens, fazer o que gosta, sem sentir dores. Além de suas produções artísticas, a professora se dedicou a estudar os processos do desenho.
Em seu tempo de pesquisas na área, a artista tem diferenciado a ilustração científica do desenho científico. Para ela, a ilustração é o componente visual da comunicação científica, para publicações científicas, educativas, em livros escolares, apresentações e outras situações em que haja a necessidade desse tipo de comunicação. “As ilustrações científicas podem ser desenho, mas incluem outros meios de produção, processamento e reprodução de imagens, como por exemplo a fotografia, a fotomicrografia e outros”, explica Rute Yumi Onnoda.
Já o desenho científico, para atender a finalidade da comunicação científica, envolve o rigor da representação fiel e isso envolve a utilização de inúmeros processos artísticos para que o resultado seja visualmente semelhante ao objeto representado, há a possibilidade de representação esquemática também. Entretanto, a professora detalha que há “o desenho que pode ser realizado para si próprio, no processo de estudo, aprendizado e investigação, o resultado final desses não tem a mesma aparência visual dos desenhos bem finalizados. Este entendimento é importante especialmente quando tratamos de ensino, pois no processo de aprendizado, nas etapas iniciais, o estudante não precisa estar comprometido com os elaborados processos de uma arte final.”
De acordo com a professora, a arte pode contribuir no aprendizado da ciência, uma vez que a interdisciplinaridade desses campos é bastante ampla de possibilidades e de contribuições com o ensino e a pesquisa. O autor da tese sobre a “Pesquisa em Arte, um paralelo entre Arte Ciência”, Silvio Zamboni, observa que arte e ciência são faces de um conhecimento, que se ajustam e se complementam no desejo de obter entendimento profundo, ele diz que são “formas complementares do conhecimento, regidas pelo funcionamento das diversas partes de um cérebro humano e único.”
Além disso, a associação de uma referência visual é uma necessidade a qualquer contexto de transmissão do conhecimento, porque agiliza a compreensão e assimilação de um domínio até aí desconhecido. “No Renascimento, o artista podia representar a natureza como se via, ou seja, se baseava na visão. A racionalização do olhar foi um legado dos mestres da Renascença, levando o nível da representação visual bidimensional à tamanha correspondência com o mundo real, de verossimilhança, que foi possível estabelecer a imagem como meio de expressão do conhecimento científico”, explica a professora Rute.
Mostrando como a arte pode cumprir um papel importante no aprendizado da ciência, a professora cita a publicação “Desenhar para aprender em Ciências”, em que pesquisadores do Reino Unido e da Austrália, Ainsworth, Prain e Tytler, acompanharam diversos programas, em andamento em seus respectivos países, que trabalham com a utilização do desenho para o ensino de ciências. A pesquisa relacionou as seguintes características: observaram que os alunos se sentem mais motivados para aprender, evitando a postura de passividade na aprendizagem; exploram mais possibilidades e até surgem novas ideias a respeito de conhecimentos visuais convencionais; professores podem ampliar as formas de leituras; o raciocínio criativo é diferente, e complementar à argumentação racional; que os alunos conseguem superar as deficiências de material, construindo esquemas e organizando novas formas de estudar, e por último, ajuda a organizar as informações para comunicar os resultados. Vimos todas essas características presentes nos estudantes entrevistados no Nupélia – UEM.
Mais uma vez vemos como a ilustração cumpre várias funções no aprendizado! Indo além de ser apenas um instrumento para ajudar na compreensão de um objeto, animal ou estrutura, notamos que a ilustração científica também colabora para a própria compreensão e conhecimento do pesquisador. Se você gosta dessa área e quer saber mais sobre a especialização nela, ouça nosso podcast sobre Ilustração Científica!
Glossário
Taxonomia: Área da biologia responsável por identificar, nomear e classificar os seres vivos.
EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto: Tiago Lucena e Milena Massako Ito
Supervisão de texto: Ana Paula Machado Velho
Arte:: Hellen Vieira
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior
A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes objetivos ODS: