Sindi Mesquita tem 54 anos, é aposentada e, atualmente, faz bolsas de crochê para vender. Apesar de seu tempo na produção desse acessório não ser muito longo, a história dela com o crochê vem da infância. Quando tinha 9 anos de idade, encontrou em casa um novelo de linha e agulhas, e ficou muito interessada em aprender. Ela pediu, então, para sua irmã lhe ensinar e conseguiu dominar dois pontos que foram essenciais para que sua trajetória tivesse início.
Depois disso, Sindi ficou maravilhada com o mundo da crochetaria e não parou de praticar. A mãe, preocupada pelo fato da filha estar passando muito tempo fazendo crochê, escondeu o novelo e a agulha da menina. Na mesma noite, Sindi sonhou que os apetrechos estavam escondidos na gaveta embaixo de uma santinha que tinha em sua casa e, assim que acordou, foi direto olhar no lugar. Para sua surpresa, estavam escondidos dentro dessa gaveta o amado novelo e a agulha. Desde então, Sindi usa de sua habilidade para fazer tapetes e, agora, bolsas também.
Sua trajetória com as bolsas se iniciou graças ao incentivo de sua filha. No áudio abaixo, ela conta como foi esse processo:
Para que pessoas como a Sindi possam exibir seus trabalhos e ter renda, a Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisa sobre o Trabalho, da Universidade Estadual de Maringá (Unitrabalho/UEM), no Paraná, criou o projeto de extensão “Quitutes e Belezuras – a identidade cultural regional refletida na alimentação e no artesanato”. A iniciativa tem como objetivo, em primeiro lugar, abordar o patrimônio imaterial da cidade de Maringá e região de influência, sob os aspectos da alimentação e do artesanato, buscando assegurar o conhecimento e a preservação destas formas de expressão cultural.
A coordenadora do Núcleo, Mara Lucy Castilho, do Departamento de Economia da Universidade (DCO/UEM), explica que uma das etapas do processo de incubação realizado por eles é a Feira de Economia Solidária, que acontece no câmpus sede e já está em sua sexta edição.
“Como uma das etapas do processo de incentivo ao surgimento de empreendimento, realizamos a Feira de Economia Solidária no câmpus da UEM, com o objetivo de dar vazão à produção de Empreendimentos Econômicos Solidários [EES], possibilitando geração de renda para a continuidade do processo de produção e inclusão social, além de oferecer a oportunidade para que a sociedade possa ter acesso a estes produtos, permitindo a aquisição de forma regular e contínua”, contou a coordenadora.
A Feira também conta com trabalhos recicláveis, uma vez que alguns dos participantes produzem a partir de matéria-prima sustentável, dando vida a produtos que já haviam sido descartados anteriormente: retalhos, garrafas de vidro, roupas e sapatos usados, são exemplos dessa reutilização.
A Pró Reitora de Extensão e Cultura da Universidade, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, conta que a importância desse projeto vai muito além daquela já conhecida e praticada pelos projetos de extensão, já que, durante as seis edições já realizadas, a Feira vem possibilitando a geração de renda para a continuidade do processo de produção e inclusão social, além de oferecer acesso aos produtos para a população em geral e identificar novos grupos que partilham dos princípios da Economia Solidária.
“Além das bancas para venda de quitutes e artesanato, também é possível encontrar apresentações musicais e exposições artístico-culturais de fotografias e poesias que irão compor a Feira, objetivando, cada vez mais, a aproximação dos estudantes com a comunidade externa”, lembrou a pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM.
Nos últimos dois anos, devido à pandemia da Covid-19, a Feira teve que passar por algumas adaptações e aderiu ao formato virtual. Este ano, porém, com o avanço da vacinação e a volta às aulas presenciais no campus, a atividade retornou ao formato presencial, voltando a ter a presença de expositores, de suas produções e, mais importante, do público.
Patrícia Lessa é educadora e é uma das várias participantes da Feira. Desde o início, ela expõe os livros que são feitos em sua editora “Luas”, um projeto de literatura feminista, idealizado com o objetivo de acompanhar todas as etapas da produção de um livro, desde a escrita, até a produção das ilustrações que irão compor a obra. Para ela, a Feira de Economia Solidária é, além de uma forma de renda, um modo de divulgar seu projeto e os livros, autores e ilustradores que participam dele.
“Na Universidade, as pessoas já sabem a importância que os livros têm, por isso, expor nessa Feira é tão importante, aqui as pessoas conhecem, entendem e sabem a capacidade que a leitura proporciona”, contou a professora.
Assim como a Sindi e a Patrícia, muitas outras pessoas têm a oportunidade de apresentar e divulgar seus trabalhos para os estudantes e servidores que, ao estarem presentes no câmpus, passam pela Feira para conhecer, apreciar e comprar os produtos que estão sendo exibidos. Além disso, a volta ao presencial possibilita a aproximação do meio acadêmico com a comunidade externa, fazendo com que ambos adquiram novos conhecimentos e práticas que podem ser aderidas ao cotidiano de cada um. “Isso é extensão”, destaca a pró-reitora Débora Sant’ Ana.
Para prestigiar o trabalho de cada um dos feirantes, basta visitar a iniciativa, que acontece todas às terças-feiras, no quiosque do bloco F-05 da UEM, em frente a livraria da EDUEM; isto é, da Editora da UEM.
O conteúdo desta página foi produzido por
Texto: Valéria Quaglio e Andressa Andrade
Edição de áudio: Valéria Quaglio
Edição de vídeo: Valéria Quaglio
Arte: Any Caroliny Veronezi
Supervisão de Arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior