Era domingão e eu fui ao Parque do Ingá fazer ioga. Como contei no primeiro texto redigido para essa edição especial do Conexão Ciência – C², meu filho, aos 10 anos, veio do Rio de Janeiro para Maringá e a reserva foi uma opção maravilhosa para oferecer a ele um pouco de liberdade de correr e brincar… ter momentos fundamentais na vida de uma criança.
Esse sentimento é comum. A maior parte das pessoas fala que o Parque faz parte da vida delas desde que eram crianças. Julia Carnelós disse que se lembra de frequentar o Parque desde que era bem pequena com os pais. “O Parque sempre esteve presente na minha vida. Passava as manhãs de domingo passeando com a família e, hoje, com mais consciência da importância das áreas verdes, vejo o parque como um refúgio natural em meio a agitada e linda cidade de Maringá.
Mas as pessoas que vêm de fora acabam também se apaixonando pelo Parque do Ingá. A família Borges é de Curitiba. O casal e o filho Matheus estão em Maringá há anos e tem na reserva um local para espairecer. “Só não viemos aqui com mais frequência por causa da pandemia”, disse o pai, Humberto, casado com Luciana. “Gosto muito daqui. É um lugar que a gente pode ficar perto da natureza, curtir a família e ficar um pouco longe dos eletrônicos”, lembrou Matheus.
Humberto ainda falou que, quando a família vem visitar os três, tem passeio no Parque do Ingá na programação. “Só não usamos mais a estrutura porque estamos em momento de pandemia. Matheus ainda mandou um recado para o Parque do Ingá. “Que possam cuidar dele, que é muito lindo e a gente torce que chova para que o lago possa voltar a ficar cheio e bonito”, disse o menino de 11 anos.
Fãs por dentro e fora
Tem gente que torce pelo Parque e nem entra nele. Fica no entorno. Um desses grupos é representado por aqueles que curtem as delícias oferecidas nos trailers enfileirados na faixa de fluxo de carros, interditada nos fins de semana para ser ocupada por pedestres.
O mesmo local tem um projeto muito legal, uma feirinha de artesanato. Os artesãos que se inscrevem na prefeitura se revezam a cada fim de semana, divididos em cerca de 30 barraquinhas oferecidas pela administração municipal.
Tânia Serra é uma delas. Seu produto são geleias artesanais. Ela disse que a feirinha é uma forma de divulgar o produto. Mas, segundo a maringaense, “ver o Parque do Ingá aberto, a feira de artesanato toda colorida, traz a esperança de alguma normalidade. O Parque é referência para os moradores e visitantes da cidade, é muito bom fazer parte disso, vendo famílias passeando por aqui, e claro vender nossos produtos autorais. Que esse ar de normalidade perdure”, torce Tânia.
Outra artesã que ama o clima em torno da feirinha do Parque do Ingá é Ana Paula Picasso. Ela produz “amigurumi”, bichinho e peças religiosas feitas de crochê. Diz que a feira é uma forma de tornar o produto dela conhecido, já que é raro alguém procurar artesanato nas redes sociais. “Aqui o público pode tocar, interagir conosco e com o produto. A venda é consequência disso. E é mais gostoso ainda porque eles compram essas coisas lindas expostas aqui andando por esse lugar maravilhoso, cheio de verde”, brinca a artesã, que, assim como a Julia, do início do texto, frequenta o Parque desde criancinha.
Corpo e espírito
Aliás, no fim de semana em que essa reportagem foi realizada, Julia estava no Parque fazendo ioga. Com o pai… e, pasmem, sabe que era ele? O professo Luiz Felipe, o biólogo que fez análises no lago do Parque no Ingá e realizou uma pesquisa sobre percepção ambiental na reserva.
“O contato com a natureza é muito importante e nós temos o privilégio de contar com uma estrutura como o Parque no Ingá. Muito verde dentro da cidade. E a cada dia a gente descobre uma coisa nova por aqui. Neste fim de semana, vim fazer ioga no meio do verde, cuidar do corpo e do espírito. Estamos precisando disso, especialmente, no momento tão complicado emocionalmente para tantas pessoas afetadas por perdas e problemas de saúde provocados pelo novo coronavírus. Precisamos de uma válvula de escape e o Parque é isso para mim e para minha família. Mais um motivo para a gente cuidar bem dele. Como cidadão e como pesquisador da UEM”, declara o professor.
Luiz Felipe e Julia estavam em um pequeno grupo de praticantes de ioga, que comemoravam o retorno às atividades coordenadas, todo domingo, pela instrutora Natália Munhoz de Souza, do grupo Yoga do Florescer. Esse pessoal se reunia semanalmente antes da pandemia e teve que interromper as atividades com a decretação do afastamento social. Domingo, dia 26, foi o segundo encontro pós-isolamento.
Para a professora Natália, a alegria do retorno é imensurável, porque praticar ioga no Parque é benefício duplo. Veja o vídeo.
A alegria estava estampada no rosto dos praticantes que fazem ioga com a professora Natália. Ieda Tragueta disse que a prática do ioga me faz muito bem, tanto para o corpo como para alma. Fazer essa prática no Parque do Ingá traz “ela uma paz muito intensa, eleva a minha gratidão pela essência do ser humano. O Parque do Ingá é mais que um lugar de diversão, contato com a natureza, de paz. É um lugar mágico para meditar e relaxar. Mas, com 50 anos todos precisam de cuidados para termos qualidade de vida. Com o Parque do Ingá não é diferente, ele necessita de cuidados, investimentos e um olhar de respeito, por tudo que ele nos proporciona. Vamos cuidar dessa nova reserva”, alertou a maringaense aposentada.
Que a gente e todos esses possamos usufruir desse ambiente verde e agradável por muito e muitos anos. Parabéns, Parque do Ingá!
O conteúdo desta página foi produzido por
Texto: Ana Paula Machado Velho
Edição de áudio: Ana Paula Machado Velho
Edição de vídeo: Thamiris Saito
Arte: Murilo Mokwa
Supervisão de Arte: Thiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior
A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS: