No Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, a gente precisa pensar em um dos lados do cenário que envolve o bem-estar das pessoas: os fatores que nos levam a deixar de ter saúde. Quando refletimos sobre isso, automaticamente, pensamos no papel da medicina no combate às doenças.
A preparação dos profissionais que participam deste processo é árdua. Anos de estudo nas graduações em Medicina além das residências que os médicos cursam para se especializar nas diferentes áreas. O que não passa pela cabeça da gente é onde essas pessoas são formadas? Que estruturas permitem que coloquem em prática o que veem nas salas de aula, na teoria? Chegamos, então, aos Hospitais Universitários.
Os hospitais universitários representam 2,8% dos hospitais do Brasil (dados de 2019, da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) e têm grandes responsabilidades. Além de formar e especializar profissionais, fazem atendimentos básicos e os chamados de terciários e quaternários, aqueles mais complexos, ou difíceis, como transplantes de órgãos. Sem contar que ainda geram conhecimento com pesquisa e desenvolvimento de tecnologias na área.
Um dos aspectos que queremos destacar neste 7 de abril é que essas unidades recebem milhões de pessoas pelo país, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo à população um atendimento médico de qualidade, desde o acompanhamento inicial até cirurgias de alta complexidade. São consultas ambulatoriais, exames e procedimentos, além de urgências e emergências, oferecidas de forma totalmente gratuita.
A grande maioria dos hospitais universitários no Brasil está ligada a universidades federais. Esta rede é composta por 50 unidades, vinculadas a 35 instituições federais. Para seu financiamento, eles contam, principalmente, com recursos adquiridos a partir de contratos com municípios ou estados.
O Paraná é um estado da Federação que possui quatro hospitais vinculados a instituições de ensino estaduais. Estão ligados às universidades estaduais de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG) e do Oeste do Paraná (Unioeste). “Estes hospitais universitários têm natureza educacional, contribuindo na formação de profissionais da Saúde e no desenvolvimento de pesquisas científicas”, descreve a Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), que gere essas unidades. Aliás, é também o órgão que financia o trabalho de divulgação científica do C².
HUM
Voltando às unidades de saúde, apresentamos o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), que é referência no atendimento de média e alta complexidade para uma região com quase 2 milhões de habitantes. Inaugurado há 33 anos, no final da década de 80, com a finalidade de atender à população por meio do SUS, que havia acabado de ser criado. Além disso, o Hospital surgiu para dar suporte aos cursos de medicina e odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). É importante destacar que o HUM foi o primeiro hospital estadual paranaense a receber o credenciamento do Ministério da Saúde e da Educação como Hospital Ensino.
Para se ter uma ideia da estrutura que a unidade oferece à população, atualmente, o HUM conta com 173 leitos distribuídos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e enfermarias adulto, pediátrica, neonatal e de cuidados intermediários.
E mais: em 2021, o hospital realizou mais de 14 mil internações, quase 22 mil atendimentos no ambulatório de especialidades e mais de 650 mil exames laboratoriais, nas áreas de bioquímica, biologia molecular, endocrinologia, hematologia, imunologia, microbiologia, parasitologia e análise de urina. Além disso, passaram pelo pronto atendimento, ou pronto-socorro, aproximadamente 60 mil pessoas, atendidas nas áreas de pediatria, cirurgia, ortopedia, ginecologia, obstetrícia, entre tantas outras.
Banco de Leite Humano
O Banco de Leite Humano do Hospital Universitário (BLH), único da região, incentiva o aleitamento materno, por meio da coleta, pasteurização e distribuição de leite, a priorizar o fornecimento para prematuros e bebês de baixo peso que não sugam, internados em Unidades de Terapia Intensiva. São crianças que, por razões clinicamente comprovadas, não podem receber o leite da própria mãe. Em 2021, foram distribuídos aproximadamente mil litros de leite materno.
Miguel Silva é uma das crianças beneficiadas. A mãe, Jacqueline de Oliveira, explica que o filho nasceu prematuro e que, por 24 dias, até o ganho de peso ideal para sair da UTI Neonatal e ir para a enfermaria pediátrica, onde ficou por mais 21 dias, Miguel foi alimentado com o leite doado ao BLH. “É um sentimento de gratidão saber que tem pessoas que estão dispostas a fazer doação e salvar as vidas dos bebês que precisam do leite materno”, relata Jacqueline de Oliveira. Hoje, com oito meses e com excelente saúde, Miguel já consegue alimentar-se do leite produzido pela mãe.
Suporte especializado
São inúmeros outros serviços que o HUM oferece à população. O Hospital é pioneiro e referência em toda a região no atendimento a casos de intoxicações e acidentes por animais peçonhentos. O Centro de Informação e Assistência Toxicológica previne mortes e realiza vigilância nas ocorrências de intoxicações, além de produzir e divulgar conhecimento sobre o tema. São 3,5 mil atendimentos por ano.
O Hospital Universitário é o único do Paraná com serviços específicos de tratamento da toxoplasmose para gestantes e crianças. Desde 2005, trabalha tanto na prevenção das sequelas, quanto no acompanhamento da gestação e dos recém-nascidos filhos de mães que tiveram a doença, tudo a partir da ação de uma equipe multiprofissional.
Outro destaque é o serviço de atendimento às mulheres vítimas de violência sexual do HUM, que existe desde 1997 e, recentemente, passou por uma reestruturação para garantir a qualidade da assistência à paciente, buscando o atendimento humanizado, privativo, sigiloso e colhedor e que possa prevenir maiores complicações. Ainda em relação às mulheres, o Hospital é referência no atendimento e assistência à gestação de alto risco para a macrorregião noroeste do estado. Estes casos representam 45% dos 90 partos realizados por mês, na maternidade da unidade.
Segundo a chefe do serviço de ginecologia e obstetrícia do HUM, Tatiane Colombari, o alto risco se refere ao acompanhamento que será feito com uma gestante que tem uma doença prévia. “Basicamente se enquadram em pré-natal de risco três condições: as mulheres com patologias crônicas precedentes à gestação, aquelas que já tiveram uma gravidez anterior de alto risco e também quando identificam, no curso da gestação, uma condição ou doença que vai oferecer perigo para mãe e o feto”, explica.
Pelos motivos acima, incentivo ao aleitamento materno e qualidade no atendimento às mães e bebês, o HUM faz parte, desde 2003, da “Iniciativa Hospital Amigo da Criança”, título concedido pelo Ministério da Saúde. É o primeiro hospital de Maringá a conquistar a placa de credenciamento e mantém os requisitos necessários por meio de um trabalho em equipe e compromisso com a qualidade do atendimento.
Outra referência regional anotada no currículo do HUM é o Hemocentro de Maringá. A unidade atende doadores de sangue e candidatos à doação de medula óssea. Fornece hemocomponentes para unidades conveniadas à 15ª Regional de Saúde e contribui para a manutenção dos estoques no Paraná. É certificado na Norma ISO 9001:2015, a qual, durante o processo interno de adequação, qualificou a equipe e evoluiu para a Gestão de Riscos, conferindo ao Hemocentro um sistema da gestão de qualidade com padrão internacional.
Pessoal especializado
Para oferecer tanta coisa, é necessário que exista uma equipe eficiente. Afinal, o HUM é caracterizado como referência para o atendimento da Rede de Atendimento de Urgência e consultas especializadas.
“Por isso, mantemos um corpo clínico com profissionais altamente qualificados. E não é só isso. A partir da renovação e ampliação do nosso Parque Tecnológico, trabalhamos muito com a medicina com maior precisão e eficiência, agilizando processos e diminuindo o gasto de energia e frustrações na assistência. Os novos equipamentos vêm elevar o patamar de atendimento em eficiência, qualidade e redução de custos, que é muito importante na gestão da saúde pública”, destacou a superintendente do Hospital, doutora Elisabete Mitiko Kobayashi.
Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias Silva, o HUM é importante na qualificação dos serviços de saúde no estado do Paraná. É uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à área da saúde e, também, demonstra ser fundamental no suporte a uma população em vulnerabilidade social e econômica, que precisa dos subsídios do estado para ser atendida.
“Queria destacar, inclusive, o papel estratégico que o nosso HUM tem tido no enfrentamento da pandemia da Covid-19, como importante instrumento de atendimento às vítimas dessa terrível pandemia. Nós temos que destacar o papel fundamental que esse órgão da Universidade Estadual de Maringá realiza e que ele tenha uma vida longa nas suas atividades”, decreta o gestor.
Ouça abaixo a fala do reitor da UEM, Julio César Damasceno, sobre a importância do HUM:
Fechando nossa discussão sobre o Dia Mundial da Saúde, temos que parabenizar o HUM. Afinal, o hospital desempenha um papel fundamental para a população de Maringá e região. Porém, não podemos esquecer que ali se faz pesquisas que impactam o mundo. Por isso, nesta data, o C² não poderia deixar de dizer: vida longa ao HUM!
O conteúdo desta página foi produzido por
Texto: Ana Paula Machado Velho e Milena Massako Ito
Edição de áudio: Milena Massako Ito
Pesquisa HUM: Fábio Carlucci
Edição de vídeo: HUM
Arte: Murilo Mokwa
Supervisão de Arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior