Em tempos em que a tecnologia e a inovação nos conectam a todos, o tempo todo, por que não levar essa ideia ao limite e promover uma conexão entre ciência, cultura oceânica e agropecuária? Ora, alguns dirão que são áreas, digamos, sui generis, distintas demais em seus princípios para estarem relacionadas.
Pois bem, a natureza observadora e especulativa da ciência em seus processos de produção do conhecimento permite supor que há, sim, há uma conexão entre todas estas ideias, aparentemente desconexas.
Pensemos: vivemos em um mundo em que as mudanças climáticas afetam as populações de todo o planeta e nos colocam em alerta por causa dos seus impactos severos e extremos. Neste contexto, a água, seja doce ou salgada, um dos elementos vitais para todos os seres vivos, pode nos faltar caso vivamos a emergência do clima anunciada pelos cientistas há décadas.
E é exatamente para provocar uma reflexão nas pessoas de todas idades que o Museu Dinâmico Interdisciplinar, da Universidade Estadual de Maringá (MUDI/UEM) participa da 51ª edição da Exposição Agropecuária de Maringá, a Expoingá, evento realizado pela Sociedade Rural de Maringá (SRM). Este ano, ocorre de 8 a 18 de maio, no Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro, com o tema “O Agro Conecta”.
A participação do Museu da UEM se relaciona com essa proposta. A Exposição em 2025 ganhou o nome de “MUDI: Conectando a Ciência, a Tecnologia e a Cultura Oceânica com o Agro”. A ideia é trabalhar a questão das mudanças climáticas em sintonia com o tema central da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que acontece todos os anos em outubro.

Promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Semana Nacional terá como mote “A Mobilização Nacional pela Cultura Oceânica”, evento que marca o protagonismo do país na Década da Ciência Oceânica promovida pela UNESCO.
“Aproveitando que este ano a Expoingá traz o tema ‘O Agro Conecta’, nós pegamos mais esse gancho para apresentar uma exposição que discuta ciência, tecnologia, inovação, cultura oceânica com a água, promovendo múltiplas conexões entre questões ambientais e o agronegócio”, justifica o coordenador do MUDI, o professor da UEM Celso Ivam Conegero.
Para o coordenador, a ideia é chamar a atenção da população para os impactos das mudanças climáticas na biodiversidade. “Queremos discutir a biodiversidade esse ano, através dessas exposições que estejam relacionadas à cultura oceânica”, completa.
Entre as atrações pensadas, uma das novidades é a Exposição Cultura Oceânica, que mostrará aos visitantes informações com maior enfoque na Amazônia Azul e o Continente de Lixo. Haverá ainda uma exposição de conchas marinhas, que vai mostrar um pouco do processo da evolução desses seres no planeta Terra.

Mas não é só isso, o MUDI leva para a Expoingá 2025 vários ambientes, entre eles o do Projeto Tabagismo, da Arqueologia e da Física, além do Giroscópio Humano. O Centro de Ciências Agrárias vai apresentar vários projetos de extensão que são desenvolvidos na UEM voltados à agricultura.
Haverá ainda o projeto Logística Reversa, que trabalha com os materiais a serem descartados, e a Matemativa, um ambiente totalmente interativo, que permite a manipulação das peças e torna o aprendizado mais dinâmico e envolvente, mostrando como a matemática pode ser divertida.
A presença do Museu na Expoingá tem o apoio da Associação dos Amigos do MUDI (AMUDI).
MUDI na história da Expoingá
A parceria do MUDI com a SRM é antiga. Nos anos 1990, quando o espaço ainda era parte do Projeto de Extensão, Centro Interdisciplinar de Ciências (CIC), desenvolvido na UEM desde 1985, tendo como principal diretriz a integração da universidade com o ensino fundamental e médio e comunidade em geral. A aproximação veio no contexto do programa do governo do Estado, o “Fera Com Ciência”, e desde então tem sido intensificada a cada edição da Expoingá.
“Naquela época, a equipe do CIC participava de várias exposições agropecuárias pelo Paraná, ainda sem temáticas específicas e levando o que tínhamos de acervo disponível”, relembra Conegero.

A partir de 2019, com a nova diretoria composta por Maria Iraclézia de Araújo, presidente, e o apoio de Ademir Teixeira de Moraes, primeiro secretário, foi organizada a primeira exposição do MUDI já com a temática dos dinossauros: “Passado e presente da biodiversidade”. Houve ainda uma parceria extra, em 2022, para a revitalização do horto didático de espécies exóticas e jardinagem, que contou com a assessoria dos especialistas do museu para compor a estrutura de paisagismo do parque.
Ano passado, o tema foi ‘MUDI Consciência: Tradição, Inovação e Sustentabilidade” com uma exposição que ocupou 500 metros quadrados no Pavilhão Branco e mobilizou mais de 100 pessoas na organização, entre professores, alunos, monitores, voluntários e técnicos da UEM, além dos parceiros de outros cursos. Esta mobilização deve se repetir este ano para que o MUDI cumpra seu objetivo de popularizar a ciência por meio de ações que levam o conhecimento à sociedade.
O MUDI integra a Rede de Museus, Centros de Memória, Documentação e Acervos Universitários do Estado do Paraná (Remup) e o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Conectando Memória e Inovação. Todas as ações desenvolvidas no Museu podem ser acompanhadas no site Notícias do MUDI e no Instagram.
A cada ano, a população tem entendido que os museus não são apenas espaços para preservar e expor acervos antigos. Os museus universitários têm sido cada vez mais um ambiente de preservação, claro, mas também de ensino, pesquisa e extensão, envolvendo professores e alunos de diversas áreas do conhecimento.
E mais: é possível encontrar muita ciência, tecnologia e inovação, tudo organizado para ser atrativo e facilitar o aprendizado das questões que nos afetam a todos como a água, a produção de alimentos e, principalmente, a sobrevivência, enquanto seres que habitam a Terra.
Afinal, não existe planeta B!
EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto: Silvia Calciolari
Revisão de texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Lucas Higashi
Supervisão de arte: Lucas Higashi
Edição Digital: Guilherme Nascimento
A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

Gostou do nosso conteúdo? Nos siga nas nossas redes sociais: Instagram, Facebook e YouTube.