Nasci e cresci em Maringá, cidade localizada no Noroeste do Paraná, que se destaca por suas áreas verdes, ruas amplas, planejamento, a icônica Catedral Metropolitana Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória e por várias vezes já ter sido considerada ‘a melhor cidade do Brasil para se viver’.
Com um pouco mais de 400 mil habitantes e sendo um polo regional de grande desenvolvimento econômico, Maringá atrai muitas pessoas buscando qualidade de vida. Não é para menos! A cidade foi construída a partir de um plano urbanístico moderno, elaborado na década de 40, e tomou forma para ser tudo o que é hoje.
Além de atrair alunos que querem estudar na Universidade Estadual de Maringá (UEM), uma das melhores universidades do Brasil, segundo pesquisas, a cidade também encanta investidores e famílias por conta de sua ótima infraestrutura, acesso fácil a diversos a serviços e comércios, investimento em inovação e o trabalho de preservação das áreas verdes.
Tudo isso tem muito a ver com os estudos do urbanismo, um conceito que você vai conhecer melhor no vídeo abaixo:
Por todos esses motivos, foi perceptível da minha infância para a adolescência e, depois, para a juventude, como a cidade está crescendo cada vez mais. Acostumada desde muito nova a andar de transporte coletivo, conhecido popularmente por aqui como ‘circular’, fui notando os novos bairros surgindo, as rotas dos ônibus se alterando para atender esses lugares, o trânsito ficando mais caótico, a paisagem mudando, com novos prédios no horizonte e comércios sendo construídos ‘de um dia para o outro’.
Talvez ver tudo isso tenha brilhado meus olhos para o curso de Arquitetura e Urbanismo da UEM, lá quando estava no Ensino Médio. Mas, esse sonho foi destruído pela falta de afinidade que eu tinha, e ainda tenho, com a Matemática. Acabei fazendo Comunicação e Multimeios, área que hoje me possibilita contar para você sobre a preocupação de alguns pesquisadores com os problemas urbanos e ambientais causados pelo crescimento desordenado das cidades.
O estudo “Impactos urbano-ambientais em pequenos municípios a partir da dinâmica da expansão urbana” é a pesquisa de mestrado do José Fernando Masut, formado em Geografia pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), agora mestrando do Programa Associado de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPU) da UEM com a Universidade Estadual de Londrina (UEL).

O crescimento da cidades e os problemas urbanos e ambientais
O mestrando revela que a ideia para essa pesquisa surgiu a partir da verificação de problemas urbanos e ambientais causados pelo crescimento desordenado do espaço urbano, sobretudo a partir de 1970, com o processo de urbanização brasileira. “Quando olhamos para os pequenos municípios, estes irão sofrer mais este impacto no território, principalmente, após a década de 2000, com as políticas habitacionais, que ainda é pouco pesquisada neste contexto, mas, em particular, quando se trata da expansão urbana diante da implantação de conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, responsável por grande parte dos loteamentos nestes municípios”, explica José Fernando Masut.
Assim, a justificativa para o estudo partiu do interesse em entender melhor como a expansão da cidade afeta o meio ambiente e a qualidade de vida urbana nos municípios menores, que são a maioria no Estado do Paraná.
A pesquisa é orientada pela professora adjunta do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UEM e membro do Programa Associado de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPU) UEM/UEL, Beatriz Fleury e Silva, que também é Doutora em Habitat pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo (FAUUSP).
A professora conta que “o objetivo principal da pesquisa é identificar e caracterizar os impactos urbano-ambientais que ocorreram com a expansão dessas cidades menores, impulsionada pela construção de conjuntos habitacionais.” A intenção é olhar o que aconteceu no período de 2006 a 2023, desde a elaboração do primeiro Plano Diretor Municipal (PDM), uma lei municipal que organiza o uso do território urbano. Ele estabelece diretrizes para ocupação do solo, planejamento da infraestrutura, definição de zonas urbanas, comerciais e industriais, além da proteção ambiental.
O estudo é recente, ainda está em fase de recorte sobre qual ou quais municípios serão analisados. Porém, a cidade de Floresta, próxima a Maringá, é uma das possibilidades, uma vez que os primeiros resultados da pesquisa realizada por lá apontam que a impermeabilização do solo, com a ausência de áreas verdes, aliada à insuficiência de esgotamento sanitário, são os principais impactos urbano-ambientais dessa região.
Metodologia
Como estratégia metodológica, os pesquisadores utilizaram o estudo de caso, em que é escolhido um exemplo real, como os conjuntos habitacionais de pequenos municípios, para se olhar de perto e entender como determinados problemas acontecem, além de aprender mais profundamente sobre ele. “Para isso, será feita uma leitura das principais referências bibliográficas, análise de documentos como as legislações federais, estaduais e municipais, entrevistas, registros fotográficos e produção de mapas. Depois, todos esses dados serão sistematizados e comparados para construir uma análise aprofundada”, detalha a professora.

Além de todo conhecimento, a pesquisa contribui com a formação, pois ela “permite construir uma visão crítica sobre o planejamento urbano e ambiental, além de ampliar a capacidade de análise sobre políticas públicas e impactos urbano-ambientais. O estudo ainda reforça a atuação em prol de uma cidade justa, democrática e com mais qualidade de vida urbana”, afirma José Fernando Masut.
Importância da pesquisa e seus benefícios para a sociedade
Investigar os impactos urbano-ambientais nos municípios menores é muito importante porque, embora pequenas, essas regiões enfrentam muitos desafios em relação à expansão urbana do seu território pela da falta de planejamento adequado e a ausência da gestão pública no monitoramento desse espaço.
“Isso causa oferta incompleta ou ineficiente de infraestrutura e de espaços vegetados que melhoram o clima urbano, combatem desastres naturais e oferecem lazer, além outros benefícios. Por isso, identificar esses problemas é fundamental para melhorar esses aspectos, evitando os impactos urbano-ambientais e garantindo uma cidade com qualidade de vida urbana”, aponta o mestrando.
Ademais, a pesquisa contribui para repensar como os pequenos municípios estão sendo planejados e ocupados, pensando no incentivo de políticas urbanas mais eficientes e na promoção de cidades mais resilientes. O estudo também colabora para a conscientização da proteção do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida urbana dos moradores, ao identificar os impactos urbano-ambientais.
Para o futuro, os pesquisadores esperam que a pesquisa revele o alcance do planejamento urbano em pequenos municípios e como a construção de conjuntos habitacionais tem impactado o meio ambiente e a organização das cidades, identificando os principais problemas e os aspectos onde o planejamento urbano foi ausente.
Esse estudo destaca um dos papeis fundamentais das universidades: investigar problemas que impactam diretamente as pessoas e trazem melhorias para a sociedade. Viva a pesquisa universitária!
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Texto: Milena Massako Ito
Revisão de texto: Silvia Calciolari
Edição de vídeo: Gustav Bartmann
Arte: Mariana Muneratti
Supervisão de arte: Lucas Higashi
Edição Digital: Guilherme Nascimento
A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

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