O que são os jardins botânicos e herbários?

A ilustração apresenta uma coleção organizada de desenhos botânicos emoldurados em tons de verde. Cada quadro exibe plantas, folhas e flores estilizadas, remetendo a um herbário. O fundo texturizado em papel kraft dá um ar vintage e científico, ressaltando a delicadeza das espécies catalogadas.
Esses locais são muito mais do que espaços de lazer, mas também uma fonte de conhecimento

compartilhe

Para mim é quase uma ação automática: quando eu entro de férias, preciso visitar algum espaço conectado à natureza. Seja uma cachoeira, um parque ou mesmo uma montanha, são locais que me passam a sensação de tranquilidade, descanso e que me ajudam a desacelerar. 

Um dos meus locais favoritos para visitar são os Jardins Botânicos que, felizmente, estão espalhados em diversas cidades no Brasil. São espaços que conseguem, muitas vezes, conciliar natureza, lazer, arquitetura e permitem encontros entre pessoas. Acho que, por isso, um dos meus favoritos é o Jardim Botânico de Curitiba – que eu tenho o prazer de ir desde bem pequenininha. 

Por lá, é possível entrar em uma enorme estufa de metal e vidro, que contém espécies da flora nativa da Mata Atlântica e que oferece uma linda vista de outra atração, o jardim em formatos geométricos. Além disso, há também o famoso Jardim das Sensações, uma pequena trilha que estimula e aflora os nossos sentidos – e é super divertido!

E, para completar, dentro do Jardim Botânico de Curitiba, há o quarto maior herbário do Brasil e o maior da flora paranaense, o Museu Botânico de Curitiba, que também é um espaço incrível para visitar e incluir em roteiros de viagens. 

A imagem mostra um jardim com flores coloridas, principalmente vermelhas, amarelas e verdes, bem cuidado e organizado, em frente a uma grande estufa de vidro com arquitetura impressionante, do Jardim Botânico de Curitiba. A estrutura possui três cúpulas principais e várias arcadas em estilo clássico. No primeiro plano, há três pessoas: uma mulher adulta, mãe da Mariana, abraçando um jovem usando uma camiseta azul e boné, que é o irmão da Mariana, e a Mariana, ao lado, usando calça rosa e camiseta branca, sorrindo. Ao fundo, há vários visitantes caminhando pelos caminhos do jardim em direção à estufa.
Mariana Manieri Pires Cardoso, durante a infância, sua mãe e seu irmão visitando o Jardim Botânico de Curitiba, em 2005 (Foto/Arquivo Pessoal)

Mas afinal, o que exatamente são esses espaços e quais as diferenças entre eles?

Bom, para isso, nada melhor que um biólogo para explicar! O professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), doutor Lucken Bueno Lucas, explica que os jardins botânicos são áreas com acervos de plantas, organizadas para diversas finalidades, bem como com diferentes espécies animais, como pássaros, insetos e anfíbios, uma vez que estão em sintonia com os biomas que estão inseridos. Dessa forma, são pontos que transitam do lazer à pesquisa científica.

“São espaços abertos a todas as pessoas, propiciando uma verdadeira imersão na natureza. Eles possibilitam um encontro do homem com o meio natural e parte de seus recursos. Os jardins botânicos compõem coleções vivas fascinantes, gerando ambientes de tranquilidade e harmonia, muitas vezes em contraste à agitação das grandes cidades que os circundam”, explica o professor. 

Dessa forma, esses espaços conseguem suprir uma função de divulgação científica, educação científica e pesquisa, mas não se limitam a isso. “Cada vez mais os jardins botânicos têm sido considerados refúgios ecológicos, colaborando na promoção da conservação da biodiversidade, o que aumenta a sua importância social e ambiental. Por isso, nesses locais, ações de educação ambiental podem evidenciar aos visitantes os impactos da ação humana na natureza, sensibilizando-os quanto à necessidade da preservação e do desenvolvimento sustentável”, afirma o biólogo.

A imagem mostra o Jardim Botânico de Curitiba, com caminhos pavimentados cercados por sebes verdes e canteiros floridos de várias cores, como vermelho, roxo e amarelo. No centro à direita, destaca-se uma estrutura de vidro e metal, que é a estufa do jardim botânico, com formas arredondadas e arquitetura elegante. Ao fundo, há árvores altas formando um bosque, enquanto edifícios urbanos podem ser vistos no horizonte, indicando a proximidade com a cidade. Há pessoas caminhando e explorando o espaço, aproveitando o ambiente natural e ensolarado.
Jardim Botânico de Curitiba (Foto/Prefeitura de Curitiba)

Então, quando você tiver a oportunidade de visitar um jardim botânico, já pode enxergá-lo com uma visão bem ampla, de que não são apenas espaços de convívio social e contato com a natureza, mas também são sinônimos de preservação! 

Já os herbários, são um pouco diferentes. “Os herbários são espaços dedicados aos estudos da diversidade botânica, como identificação, registro, conservação e armazenagem de conjuntos de plantas. São constituídos de coleções de vegetais que podem ser de uma região específica ou de diferentes localidades”, explica Lucas.

O infográfico, intitulado "Caminhos de uma planta até o herbário", explica as etapas do processo de preparação de plantas para compor coleções de herbários. As etapas estão organizadas numericamente de 1 a 4, acompanhadas de ilustrações simples e estilizadas em verde. Etapa 1: Para a constituição dos acervos, primeiro são escolhidas as plantas ou as partes delas que são prensadas; Etapa 2: Então passam pelo processo de prensagem; Etapa 3: Após a prensagem, elas são desidratadas e fixadas em papel cartão, constituindo o que chamamos de exsicatas; Etapa 4: Por fim, elas são acondicionadas e podem ser vistas pelos visitantes. No rodapé, há créditos mencionando Conexão Ciência como a fonte e Lucas Higashi como o responsável pela arte. O fundo é de papel envelhecido, conferindo um visual rústico e natural ao infográfico.

Ou seja, os herbários acabam sendo grandes bancos de dados botânicos, possibilitando estudos sobre diferentes temáticas, como a preservação de espécies, as características botânicas de uma certa região, bem como a taxonomia e sistemática vegetal.

“A relação do homem com as plantas é irrestrita, porque elas estão ligadas diretamente à nossa sobrevivência. Seja como alimentos, medicamentos, vestuário, no setor de construção e até mesmo em manifestações culturais, mantemos uma relação incondicional com as plantas. Por isso, precisam ser conhecidas, estudadas e conservadas, algo que os herbários são capazes de promover”, aponta o professor da UENP.

Tudo isso mostra como esses locais carregam uma importância imensa para a sociedade e a manutenção do meio ambiente, fazendo com que os visitantes adquiram conhecimentos que, provavelmente, não teriam acesso em espaços formais de educação, como escolas e universidades, ou mesmo a partir de vídeos ou fotografias.

A imagem mostra uma pilha de folhas de papel branco, cada uma contendo exemplares de plantas secas e prensadas, chamadas de exsicatas, dispostas de forma organizada. As plantas estão fixadas ao papel e possuem etiquetas ou descrições na parte inferior, contendo informações como nomes científicos, local de coleta e outros dados botânicos. Este tipo de arranjo é característico de herbários, que são coleções científicas de plantas preservadas para estudo e catalogação. As folhas prensadas exibem ramos, folhas e, em alguns casos, flores secas, mostrando detalhes botânicos para referência futura.
Exemplo de exsicatas (Foto/Museu Virtual da Universidade de Brasília)

“Eu vejo que esses espaços podem promover um encontro direto e positivo das pessoas com a natureza, ao menos com uma amostra dela. Muitas delas dificilmente se deslocarão para regiões mais afastadas das grandes cidades para estabelecer um contato mais próximo com florestas, campos e matas. Não se pode valorizar aquilo que não se conhece, portanto, os conhecimentos proporcionados por esses locais, em meios às realidades urbanas, são oportunidades para que as gerações atuais e futuras deixem de se espantar com a natureza por puro desconhecimento e passem a admirá-la, respeitá-la e preservá-la por tudo o que significa para nós”, explica Lucas, acerca da importância desses locais nos centros urbanos.

Os herbários e jardins botânicos são lugares belíssimos e ricos em diversidade e conhecimento para ser partilhado. Não deixe de inseri-los nos seus próximos roteiros de viagens e, se precisar de indicações, confira o guia que montamos com 6 jardins botânicos e herbários para você visitar!

EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto:
Mariana Manieri Pires Cardoso
Supervisão de Texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Lucas Higashi
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior

A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

Gostou do nosso conteúdo? Nos siga nas nossas redes sociais: Instagram, Facebook e YouTube.

Edição desta semana

Artigos em alta

Descubra o mundo ao seu redor com o C²

Conheça quem somos e nossa rede de parceiros