Elizete é uma mulher com espírito e aparência que desafiam o tempo. Sorriso radiante, alegria contagiante, passos fortes e rápidos, além de uma vitalidade sem fim. Sua família costuma brincar que ela é ‘intermunicipal’, ora está em Guarapuava, cidade da região central do Paraná, auxiliando a filha no cuidado com os netos, ora no sítio há 50 quilômetros dali para estar com o marido e o filho, ora no distrito de Entre Rios, que fica a 18 quilômetros de Guarapuava, para estar com a família do outro filho. Numa tarde de sexta-feira, Elizete estava na rodoviária para voltar para o sítio onde seu marido e filho mais novo moram. O maior evento de popularização da ciência do país, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNTC) será realizada de 14 a 20 de outubro. O movimento é organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No Paraná, a festa da ciência começa um pouco mais cedo. Ocorre, oficialmente, de 7 a 11 de outubro, na Universidade Estadual de Maringá (UEM). É o Paraná Faz Ciência!
A SNCT é um espaço de reflexão e diálogo, que reúne a comunidade científica: professores, pesquisadores, estudantes e o público em geral. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que “o maior evento de divulgação científica do Brasil tem o objetivo de mobilizar a população, em especial as crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia, valorizando a criatividade. A ideia é despertar o interesse sobre esse tema desde a infância”.
No dia 27 de fevereiro, o MCTI divulgou o tema da 21ª SNCT: “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Em 2024, a proposta é refletir sobre a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pantanal e o Pampa, que abrigam uma vasta diversidade de flora, fauna e culturas tradicionais. A intenção é destacar não apenas a biodiversidade, mas a rica diversidade cultural, os saberes acumulados ao longo de gerações pelos povos que habitam as diferentes regiões do país.
A ministra Luciana Santos anunciou que “essa escolha representa o comprometimento em abordar questões cruciais relacionadas à biodiversidade, que é única no nosso país, comparando a riqueza de conhecimentos tradicionais, respeitando esse conhecimento e explorando o papel transformador da tecnologia social”.
A partir do decreto de 2023, a SNCT passou a ser uma ação integrante do Programa Nacional de Popularização da Ciência (POP Ciência), o que significa uma melhor organização e fortalecimento de ações e popularização da ciência no território nacional.
A diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica, do MCTI, Juana Nunes, enfatizou que, durante a SNCT, serão promovidas ações voltadas para a educação científica e a popularização do conhecimento.
Um edital com a chamada pública para a 21ª SNCT foi publicado pelo MCTI e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Na nossa chamada, nós mobilizamos e incentivamos eventos municipais e regionais, mas também estimulamos atividades nas escolas”, disse Juana.
A SNCT
Segundo um dos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Paraná Faz Ciência, Jailson Pacheco, as semanas nacionais de Ciência e Tecnologia acontecem desde 2004. São realizadas, todos os anos, no mês de outubro pelo MCTI. Contam com a colaboração e participação das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, Secretarias de Ciência e Tecnologia, escolas, espaços científico-culturais, instituições de ensino e pesquisa, além de outros órgãos da sociedade civil. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tornou-se o responsável pela execução, financiando a realização de atividades.
“A concepção e a institucionalização da Semana refletem um projeto de política pública e educacional com vistas à alfabetização científica e de aproximação das relações entre ciência, tecnologia e a sociedade”, explica Pacheco, que escreveu um artigo científico sobre as SNCT.
A UEM é conhecida por sua forte ênfase em pesquisa e extensão, possuindo vários centros de pesquisa e laboratórios em diversas áreas que promovem o desenvolvimento científico e tecnológico. A universidade também realiza programas de extensão que beneficiam a comunidade local e regional, promovendo a integração entre a universidade e a sociedade.
Dentre os órgãos da UEM está o Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI) que resultou do amadurecimento de um projeto de extensão, Centro Interdisciplinar de Ciências (CIC), iniciado em 1985. Seu principal objetivo é popularizar a ciência para toda comunidade e integrar a universidade com a educação básica. Com sede própria e organizado na forma de museu de ciências desde 2005, nos últimos anos recebeu em sua sede mais de 1 milhão de visitantes e impactou cerca de 10 milhões de pessoas.
Na SNCT 2024, o Museu está promovendo a exposição “Biomas do Brasil”, Entomologia e Plantas Medicinais no MUDI, durante o PRFC. Além disso, vem levando o Museu até a comunidade, desenvolvendo ações de exposição de ciências, palestras e oficinas voltadas à educação básica e à população em geral. Outra ação do grupo é uma exposição na FIciencias, que será realizada no Parque Tecnológico de Itaipu e terá como tema Biomas do Brasil.
A Feira acontecerá no período entre os dias 25 e 30 de novembro, em formato presencial no Parque Tecnológico de Itaipu – PTI. Estão previstas a exposição de cerca de 240 trabalhos oriundos de escolas de todas as regiões do Brasil, além da participação de escolas do Paraguai e da Argentina. A ideia é de que pelo menos 10 mil pessoas visitem a Feira ao longo dos cinco dias de funcionamento.
A Expedição do Conhecimento é uma estrutura itinerante da Itaipu Binacional, em parceria com o PTI, que também faz parte dos projetos previstos na SNCT 2024. A meta é levar aos municípios do território de atuação da Usina atividades educativas e interativas, sobre as temáticas energia, água e sustentabilidade. O caminhão-baú, com 15 metros de extensão, conta com aproximadamente 20 atividades internas e externas, com diferentes temas, incluindo Biomas do Brasil, em especial a Mata Atlântica.
Comunicação
Eventos de Comunicação Científica em Rádio, TV e outras mídias também estão na lista de atividades da SNCT. O C2 Conexão Ciência — C², um portal de divulgação científica, que há 3 anos publica semanalmente textos multimidiáticos para o público em geral (www.conexaociencia.com.br), vai promover um período de discussões sobre os biomas.
Já o IFPR, Campus Umuarama, desenvolverá a produção de documentários e podcasts sobre biomas brasileiros com a divulgação em mídias sociais para a comunidade em geral. O Instituto ainda vai promover a exposição de CT&I, em diferentes escolas da cidade de Umuarama, que envolverá os aspectos biológico e cultural dos biomas brasileiros.
O trUEM é um projeto de Extensão da UEM que mobiliza a programação da SNCT no Paraná. A iniciativa objetiva e trazer o conhecimento e desafios da Robótica e Inteligência Artificial (IA) por meio de experiências de aprendizado que são tangíveis, acessíveis e inclusivas. As atividades vêm acontecendo em diferentes escolas na região de Maringá.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) está organizando exposições e visitas técnicas, palestras, oficinas e cursos, para estudantes da educação básica relacionados à Mata Atlântica, que é o principal bioma existente na região sul do Brasil, sobretudo nos Estados do Paraná e Santa Catarina. A coordenação é do Museu de Zoologia, do Herbário e do Orquidário da UEL para fortalecer a grade de programação da SNCT.
UFPR
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizou, em 2023, o maior evento científico da América Latina, a 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), articulando grandes parcerias entre muitos projetos, instituições e universidades.
Em 2024, a UFPR tem uma programação gigante. Começamos pelas Feiras. A 13ª Feira Regional de Ciências do Litoral do Paraná, ocorre de 3 a 5 de novembro, com o tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. A Feira incentiva a busca pelo conhecimento e a integração entre os vários níveis de ensino. Há, ainda, a 14ª Feira de Ciência e Tecnologia de Palotina Edição 2024, que ocorreu no dia 30 de setembro em formato presencial em todas as salas de aula do Setor Palotina. A FECITEC acontece há 13 anos para valorizar a produção científica nas escolas e colégios do município através da apresentação de experimentos.
Em Palotina, ainda vai ocorrer a Exposição “Ciência na praça: conhecendo os biomas de nosso país”, uma Mostra científica interativa que apresenta as principais características de cada bioma brasileiro, como sua extensão territorial, espécies da fauna e da flora endêmicos de cada região e as principais ameaças à biodiversidade. Haverá também um espaço da mostra que tratará de diversos temas científicos (Química, Física, Matemática e Astronomia), incluindo um planetário móvel.
O projeto ZikaBus também entra em ação para desenvolver ações voltadas aos estudantes e professores da rede pública do Paraná. Por meio de exposições itinerantes e de metodologias, a equipe auxilia na inclusão e divulgação científica sobre o tema do enfrentamento do Aedes aegypti e as doenças por ele transmitidas. O ônibus está na programação do PRFC, o braço da SNCT, no Paraná.
No litoral, o “Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (REBIMAR)” , vinculado à Associação MarBrasil/REBIMAR, com convênio firmado com a UFPR Setor Litoral e o LabMóvel, vai promover durante os últimos meses de 2024 e no verão, diversos momentos para que os estudantes possam, de forma lúdica, imaginária e sensorial uma imersão no ambiente marinho. A proposta contêm materiais interativos sobre os ambientes costeiros e marinhos do Brasil, sua biodiversidade, aspectos regionais, espécies-chave e fauna e flora ameaçados.
O Museu Móvel Paranaense de Ciências Forenses: Exposição “crimes contra a natureza” vai promover atividades na SNCT, que incluem a simulação de vários crimes ambientais. Os alunos das escolas que serão visitadas poderão participar de perícias; ao final da atividade os estudantes poderão compreender melhor como é realizado o trabalho da perícia em casos de crimes ambientais.
O Parque da Ciência Newton Freire Maia é o maior centro interativo de ciência do Estado, localizado em uma área de 100.000 m², vai elaborar para a SNCT 2024 um conjunto de painéis comunicativos que abordem a integração entre biodiversidade, geodiversidade e clima, destacando a contribuição de pesquisadores pioneiros no estudo dos elementos naturais do estado, tais como Reinhard Maack, Riad Salamuni e João José Bigarela.
“Também haverá um dia de portas abertas para recebimento da comunidade em geral, em uma visita especial considerando o tema da SNCT; a realização de uma edição do evento ‘Noites no Parque’, de observação do céu com telescópios que reúne centenas de pessoas”, Anisio Lasievicz, diretor do Parque.
Outra instituição da região de Curitiba, o Museu de Ciências Naturais da UFPR vai promover a exposição “Estudos sobre a Mata Atlântica Paranaense”, bioma que assumiu um papel relevante na Década da Restauração Ecológica, conforme indicado pelas Nações Unidas.
O Grupo de Teatro Científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa também entra em ação na SNCT, com apresentações teatrais que abordam a ciência como temática central seguidas de debates sobre as questões apresentadas em cada espetáculo e aspectos da popularização da ciência e da alfabetização científica. As primeiras apresentações também serão durante o PRFC.
Por fim, serão desenvolvidas atividades de divulgação científica relacionadas à Saúde Única. Uma série de seis palestras, uma oficina e uma apresentação teatral vão discutir com a população como enfrentar problemas de saúde relacionados a determinantes sociais, ambientais e econômicos, sensibilizando a comunidade acadêmica e leiga sobre a importância da integração entre saúde humana, animal e ambiental. Vai estar tudo na Plataforma de divulgação científica Conexão Ciência – C².
Ufa… fique atento ou atenta e acompanhe a ciência desenvolvida pelo Paraná participando da SNCT 2024!
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Texto: Ana Paula Machado Velho
Revisão: Silvia Calciolari
Diagramação: Maysa Ribeiro Macedo e Bruna Mendonça
Arte: Hellen Vieira
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior
Glossário
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