Paraná e Austrália unidos em prol da biodiversidade

A ilustração apresenta uma figura geométrica estilizada segurando uma lupa gigante e observando detalhadamente uma floresta densa, com formato do mapa do Estado do Paraná. O olho da figura é ampliado pela lupa, enfatizando o ato de análise e investigação. A floresta contém diversas árvores em tons de verde, criando um efeito de profundidade e biodiversidade. O fundo escuro, com linhas e pontos, remete a um ambiente de estudo científico, possivelmente representando dados ou mapas. As cores vibrantes, como o amarelo, verde e vermelho, contrastam com o fundo escuro, dando destaque à cena. A arte transmite a ideia de monitoramento ambiental e pesquisa ecológica.
Parceria internacional impulsiona pesquisas do NAPI Biodiversidade para preservar espécies ameaçadas

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O Paraná abriga uma grande diversidade de ecossistemas, desde as florestas subtropicais da Mata Atlântica até os campos naturais e áreas de transição para o Cerrado. Esses ambientes são essenciais para a manutenção da biodiversidade, o equilíbrio climático e a qualidade de vida da população. No entanto, desafios como o desmatamento, a urbanização acelerada e as mudanças climáticas exigem estratégias baseadas em ciência para garantir a conservação dessas paisagens.

Diante dessa necessidade, surge o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Biodiversidade, uma iniciativa que reúne especialistas de diferentes áreas para aprofundar o conhecimento sobre os ecossistemas do estado e propor soluções para sua proteção e recuperação. O projeto é composto por três frentes de estudo interligadas:

NAPI Biodiversidade: Recursos Genéticos e Biotecnologia – investiga materiais genéticos e suas aplicações na conservação e no desenvolvimento sustentável.
NAPI Biodiversidade: Serviços Ecossistêmicos – estuda os benefícios que os ecossistemas oferecem, como regulação do clima, qualidade da água e suporte à agricultura.
NAPI Biodiversidade: RESTORE – focado na restauração de áreas degradadas e na recuperação de habitats naturais.

Além da produção científica, o projeto busca a valorização da biodiversidade, incentivando práticas de conservação e restauração ecológica. A cooperação entre pesquisadores e instituições fortalece o compromisso com a sustentabilidade e abre caminho para soluções inovadoras, que garantam um futuro mais equilibrado para o meio ambiente paranaense.

NAPI RESTORE – O futuro é logo ali!

Inovação e tecnologias são parceiras no processo de reflorestamento e restauração de áreas degradadas, é assim que surge o NAPI RESTORE, com o objetivo de desenvolver soluções que favoreçam a restauração e conservação dessas áreas.

O RESTORE se organiza em torno de pesquisas na modificação de sementes de espécies que ocorrem na Mata Atlântica, considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. No entanto, a ocupação desse bioma brasileiro e exploração intensiva e desordenada da floresta resultou em sua devastação. Hoje, restam aproximadamente 29% da sua cobertura original.

A modificação dessas sementes visa, sobretudo, o reflorestamento apesar das mudanças climáticas, tornando-as resistentes a climas extremos. “Qualquer reflorestamento é uma estratégia para mitigação das mudanças climáticas”, afirma o professor doutor em Fisiologia Vegetal, da Universidade Estadual de Londrina, Halley Caixeta. Aliás, ele é pós doutor na área, pela Universidade Estadual de Campinas, articulador do NAPI Biodiversidade e coordenador do NAPI RESTORE.

A imagem mostra Halley, um homem de pele clara, óculos e barba rala, usando um boné escuro e uma camisa de manga comprida clara. Ele carrega uma mochila de trilha com alças ajustadas no peito. Halley está na floresta do Parque Estadual Mata dos Godoy, cercado por árvores altas e vegetação densa. Ele tem uma expressão séria e atenta, como se estivesse explicando algo para o grupo que o acompanha. No canto esquerdo da foto, aparece parte da cabeça de outra pessoa, indicando que Halley pode estar guiando ou participando de uma conversa em meio à trilha.
Halley Caixeta durante passeio na Mata dos Godoy (Foto/Sabrina Heck)

Este Arranjo pode ser intitulado como o “irmão mais velho”, pois é o primeiro a compor o grande guarda-chuva da Biodiversidade, completando, este ano, 4 anos de atuação. No decorrer desse período, o NAPI buscou entender o desenvolvimento de espécies em um ambiente hostil, a fim de criar soluções para que essas espécies se tornem resistentes e se desenvolvam apesar de eventos climáticos extremos, como estiagem e seca.

 “A ideia é pensar soluções a partir da própria natureza, pensando no reflorestamento, para que as mudas cresçam melhor, acumulem mais carbono e aguentem mais a seca”, explica o professor Halley.

Ainda que as tecnologias desenvolvidas pelo RESTORE estejam na fase de teste e o processo para sua validação seja longo, os resultados obtidos até o momento são promissores. Uma das soluções em experimentação se trata de uma nanopartícula gerada a partir da quitosana, um biopolímero em abundância na natureza, com o propósito de entregar um produto capaz de potencializar o crescimento de mudas e torná-las resistentes em meio à seca. Até o momento, a Mata Atlântica apresenta respostas positivas ao incremento do biopolímero, aumentando as expectativas no que tange à conservação do bioma.

O projeto também tem o objetivo de fazer chegar à comunidade os avanços obtidos. Neste sentido,ainda este ano, o NAPI vai organizar um evento com viveiros de espécies arbóreas nativas. O objetivo é experimentar a nano e outras tecnologias desenvolvidas no projeto, e, dessa forma, conferir a viabilidade de sua utilização em larga escala.

Cabe destacar que as tecnologias desenvolvidas pelo Arranjo são produzidas a partir da própria natureza. Trata-se de produtos naturais e biodegradáveis que favorecem a restauração e conservação. Afinal, essa é a essência do RESTORE, marcada em seu nome, cujo acrônimo significa “natuRe-basEd SoluTions for imprOving REforestation”, ou seja, “soluções baseadas na natureza para melhorar o reflorestamento”.

Caixeta reforça que o projeto tem atuado em diversas regiões do Paraná, sempre com cooperação de outras instituições, ampliando e difundindo os conhecimentos entre vários pesquisadores do Paraná.

O professor também foi responsável por viabilizar a parceria com pesquisadores australianos. Organizou a primeira missão no Estado, em abril de 2024. Representantes da Universidade de Licungo (Moçambique), do Botanic Gardens of Sydney, da Macquarie University, do Hawkesbury Institute for the Environment e do RNA Institute (Austrália) participaram da iniciativa, explorando áreas naturais e estabelecendo conexões com grupos de pesquisa de instituições paranaenses. 

Cooperação internacional à vista!

Em dezembro de 2024, os pesquisadores alemães Cornelia Sattler e Julian Schrader, que atuam na Macquarie University, na Austrália, voltaram ao Paraná para fortalecer a parceria com as instituições locais. 

O doutor Julian Schrader é ecologista vegetal e professor na Universidade de Macquarie, com expertise em ecologia funcional de plantas, biogeografia e conservação da biodiversidade. A pesquisa atual dele investiga como as espécies se renovam e se deslocam ao longo do tempo e do espaço em resposta às mudanças globais. Para isso, utiliza um novo conjunto de dados sobre a distribuição de espécies em ilhas australianas, buscando compreender os impactos ambientais nesses ecossistemas.

A foto mostra Julian, um homem branco, com barba curta e cabelo castanho claro, um pouco bagunçado. Ele está ao ar livre, cercado por uma floresta verde e iluminado pela luz natural que atravessa as folhas. O sol cria sombras suaves em seu rosto, destacando sua expressão séria e atenta. Ele veste uma camisa listrada aberta sobre uma camiseta escura e carrega uma mochila com alças reforçadas. Seu olhar está levemente desviado da câmera, e sua boca está um pouco entreaberta, como se estivesse falando ou refletindo. Ao fundo, há um grupo de pessoas, algumas de costas, vestindo roupas adequadas para trilhas,
Julian Schrader, pesquisador da Macquarie University durante passeio a Mata dos Godoy (Foto/Sabrina Heck)

A doutora Cornelia Sattler é comunicadora científica e cinegrafista, com formação em agroecologia e Manejo Integrado de Pragas (MIP). Atualmente, trabalha como pesquisadora e cinegrafista na Universidade de Macquarie, onde colabora com apicultores para entender os desafios relacionados ao uso de tecnologias de sensores em colmeias e à gestão do ácaro varroa. Além disso, Cornelia apoia pesquisadores ao promover divulgação de seus trabalhos por meio do canal do YouTube, EcolClips, impulsionando a comunicação científica de forma acessível e engajante. Inclusive, durante a expedição, Cornelia e Julian gravaram quatro vídeos com os pesquisadores da Biodiversidade.

A foto mostra Cornelia, uma mulher branca de rosto fino e expressivo, sorrindo enquanto segura delicadamente um inseto em sua mão. Ela está ao ar livre, cercada por algumas plantinhas. Cornelia veste um chapéu de palha com uma faixa marrom, protegendo-se do sol. Seu cabelo claro está parcialmente coberto pelo chapéu. Ela usa uma blusa de mangas 3/4 azul com pequenas bolinhas brancas sobre uma blusa de gola alta bordô. Uma mochila preta está presa aos seus ombros com alças ajustáveis. No pulso, ela usa um relógio de couro marrom. O inseto que ela segura tem um corpo fino e longo, parecido com um graveto, sugerindo que pode ser um bicho-pau. Cornelia olha para a câmera com um sorriso caloroso, transmitindo entusiasmo e conexão com a natureza.
Cornelia Sattler, comunicadora científica e cinegrafista (Foto/Sabrina Heck)

A viagem teve um significado especial para Cornelia, já que foi sua primeira vez no Brasil. Durante a estadia, ambos ampliaram a colaboração com os grupos de pesquisa paranaenses e conheceram pontos de biodiversidade não explorados na última expedição. 

O roteiro foi elaborado pelo professor Halley em parceria com pesquisadores da UFPR. Os australianos iniciaram a viagem em Curitiba e seguiram para Ponta Grossa, onde visitaram o Parque Estadual de Vila Velha. 

Em Tibagi, exploraram o Parque Estadual do Guartelá, conhecido por sua diversidade de vegetação.

  • A imagem mostra um grupo de três pesquisadores descansando em um abrigo rochoso durante uma visita ao Cânion Guartelá. Eles estão sentados sobre uma grande pedra, parcialmente protegidos pela saliência de um paredão rochoso. A paisagem ao fundo é grandiosa, com um vasto cânion coberto por vegetação verdejante, formando um contraste com o céu azul pontilhado de nuvens brancas. Os pesquisadores vestem roupas apropriadas para trilha, incluindo botas e calças resistentes. Um deles tem uma mochila azul deixada ao lado sobre a rocha. Eles parecem relaxados, contemplando a vista, enquanto um deles conversa com os outros. O local onde estão sentados transmite uma sensação de imensidão e aventura, destacando a imponência natural do cânion.
  • A imagem mostra um grupo de cinco pessoas explorando uma área de terreno rochoso no Cânion Guartelá. O céu está azul com algumas nuvens brancas espalhadas, e o ambiente ao redor é composto por formações rochosas escuras e irregulares, com vegetação verde crescendo entre elas. Os pesquisadores estão vestidos com roupas adequadas para trilha, como calças confortáveis, camisetas e chapéus ou bonés para proteção do sol. Alguns carregam mochilas e um deles segura uma garrafa d’água. Eles estão posicionados em diferentes direções, como se estivessem analisando a paisagem ou discutindo alguma observação sobre o ambiente. Ao fundo, é possível ver paredões rochosos altos, cobertos parcialmente por vegetação.
  • A imagem captura uma vista panorâmica do Cânion Guartelá, com um céu azul vibrante e repleto de nuvens brancas fofas. No primeiro plano, um galho de árvore curvado se destaca, com folhas verdes na ponta e uma pequena flor rosa crescendo em seu tronco, trazendo um toque delicado à paisagem. Abaixo, o cânion se estende com suas encostas cobertas por vegetação densa e áreas rochosas expostas. Um rio serpenteia pelo fundo do vale, refletindo o brilho do sol e criando um contraste bonito com o verde ao redor. Ao fundo, o horizonte se estende para além do cânion, com colinas e planícies ao longe.

Na sequência, passaram por Ortigueira, onde conheceram uma produção de mel, e seguiram para áreas de grande interesse ecológico, como o Morro da Pedra Branca. Depois, foram ao Campo das Pedras, no distrito de Lerroville.

  • A imagem mostra um grupo de onze pesquisadores reunidos no topo do Morro da Pedra Branca, posando para a foto em meio a uma paisagem deslumbrante. Eles estão cercados por vegetação e rochas, e ao fundo, há um vasto cenário de colinas verdes, plantações e pequenas estradas serpenteando pelo território. O céu está azul com algumas nuvens espalhadas, e a luz do sol ilumina a cena, criando um ambiente vibrante e natural. Os pesquisadores vestem roupas leves e confortáveis para trilha, incluindo chapéus, bonés e óculos escuros para proteção contra o sol. Alguns carregam câmeras fotográficas penduradas no pescoço, sugerindo que estão documentando a visita. Eles estão organizados em diferentes posições, alguns em pé e outros agachados ou sentados sobre as rochas, todos sorrindo para a câmera.
  • A imagem mostra a vista panorâmica do Morro da Pedra Branca, com colinas cobertas por vegetação verde e densa. No horizonte, montanhas, campos e plantações se misturam. O céu azul, com poucas nuvens brancas, contrasta com o verde da paisagem. No primeiro plano, galhos e folhas de uma árvore emolduram a cena. Pequenos vales e elevações criam um relevo dinâmico.
  • Uma pesquisadora, vestindo blusa laranja e viseira clara, analisa uma planta com grandes cachos de pequenas flores brancas. Ela segura a base da planta com as mãos. Ao fundo, um homem de boné verde e óculos observa atentamente, este homem é Halley. A paisagem ao redor é montanhosa, com vegetação densa e uma árvore solitária em destaque. O céu azul e as sombras indicam um dia ensolarado.
  • Um grupo de pesquisadores está no topo do Morro da Pedra Branca, admirando a paisagem. À frente deles, vê-se um vasto vale coberto por vegetação, com áreas de mata e plantações organizadas em curvas. O céu azul com poucas nuvens destaca a imensidão da vista. Um homem de camiseta bordô e chapéu claro segura um celular, possivelmente tirando uma foto. Outros membros do grupo, de mochilas e chapéus, observam a natureza ao redor.
  • Cinco pesquisadores estão reunidos no Campo das Pedras, observando atentamente uma planta. Cristiano, um homem de barba, usando boné e óculos escuros, aponta para a vegetação enquanto explica algo ao grupo. Os outros, vestidos com roupas leves e chapéus para proteção contra o sol, demonstram interesse, alguns sorrindo. O ambiente ao redor é aberto, com árvores esparsas e um céu azul com nuvens, sugerindo um dia quente.
  • A foto mostra um conjunto de pequenas flores de cor rosa vibrante com centros amarelos, crescendo próximas ao solo. Elas estão espalhadas entre folhas verdes suculentas e finas, que se estendem em diferentes direções. O solo ao redor é uma mistura de terra seca, pequenas pedras e folhas secas caídas. A luz do sol ilumina as flores e as folhas, destacando suas cores vivas.
  • A foto mostra um grupo de pesquisadores no Campo das Pedras, em um ambiente natural com solo seco e vegetação ao fundo. No centro da imagem, Cornelia, uma mulher de pele clara usa um chapéu de palha com uma fita escura e sorri enquanto conversa com Halley, um homem de costas para a câmera, que veste uma camisa clara e boné verde escuro. A mulher tem uma câmera fotográfica pendurada no pescoço e óculos escuros presos à alça. À esquerda, outra pesquisadora, vestindo camiseta branca e calça verde, está parcialmente visível e parece observar a paisagem.
  • A foto mostra uma paisagem natural no Campo das Pedras, destacando grandes plantas de folhas longas, pontiagudas e serrilhadas, semelhantes a bromélias ou agaves, espalhadas pelo terreno. Entre as plantas, há vegetação rasteira e pequenos arbustos verdes. Ao fundo, um grupo de pesquisadores caminha pelo local, vestindo roupas leves e chapéus para se proteger do sol. O céu está claro com algumas nuvens dispersas, e no horizonte é possível ver colinas verdes e árvores ao longe.

O percurso terminou com visitas ao Parque Estadual Mata dos Godoy e ao Parque Municipal Arthur Thomas, em Londrina, o que proporcionou uma visão ampla dos diferentes ecossistemas do Paraná.

  • A foto mostra um close de uma inflorescência com pequenas flores roxas e lilases agrupadas ao longo de um caule central. Algumas flores já estão completamente abertas, revelando seus delicados estames amarelos, enquanto outras ainda estão em forma de botões. Há restos de matéria vegetal seca entre as flores. O fundo da imagem está desfocado, com tons de verde escuro e marrom, sugerindo a presença de folhas e galhos. A luz do sol incide sobre a planta, destacando sua textura e cores vibrantes.
  • A foto mostra um grupo de pessoas caminhando em uma trilha cercada por uma densa vegetação no Parque Estadual Mata dos Godoy. Os participantes vestem roupas leves e confortáveis, algumas pessoas usam chapéus e mochilas, sugerindo uma expedição de pesquisa ou caminhada ecológica. A trilha é estreita e rodeada por árvores altas, cujos troncos são cobertos por musgo e trepadeiras. O chão está coberto por folhas secas e pequenos galhos. A luz do sol penetra entre as folhas, criando um jogo de luz e sombra no caminho.
  • A foto destaca um tronco de árvore de grande porte, com uma casca rugosa e profundamente fissurada. O tronco ocupa a maior parte da imagem, mostrando seus detalhes texturizados. No fundo, há uma vegetação densa, com folhas verdes e galhos espalhados. A luz natural passa por entre as árvores, criando um jogo de luz e sombra sobre a casca da árvore.
  • A foto mostra Cornelia de costas segurando uma pequena câmera digital, registrando a cena à sua frente. Ela tem cabelo loiro preso, veste uma blusa clara e carrega uma mochila preta. Na tela da câmera, aparecem duas pessoas em pé na floresta, cercadas pela vegetação. O fundo tem árvores e folhas verdes, com luz do sol filtrada entre os galhos. À direita, está Julian, um homem de barba, com jaqueta escura, está levemente desfocado. Em primeiro plano, um tronco de árvore exibe textura rugosa e manchas esverdeadas.
  • Um homem idoso, de barba branca e expressão séria, está em primeiro plano na floresta. Ele usa boné preto e uma blusa de manga comprida verde escura. Segura um pequeno objeto cilíndrico preto, parecendo explicar algo. Atrás dele, um jovem de camisa clara e mochila caminha pela trilha. A vegetação ao redor é densa, com folhas verdes e luz solar filtrando entre as árvores.
  • Um grupo de seis pessoas está em uma trilha na floresta, cercado por árvores e vegetação densa. No centro, Julian, de camisa listrada e binóculo pendurado no pescoço gesticula enquanto conversa com um homem de boné verde e mochila. À direita, Halley de camisa laranja e chapéu de palha observa a conversa com a mão na cintura. Atrás, três pessoas, incluindo uma mulher de cabelos presos e outra de óculos escuros, acompanham a interação. A luz do sol atravessa as folhas, iluminando partes da cena.
  • A imagem mostra uma árvore majestosa no meio da floresta do Parque Estadual Mata dos Godoy. Seu tronco é imenso e possui raízes tabulares que se espalham amplamente pelo solo, formando grandes estruturas semelhantes a paredes naturais. A árvore está rodeada por vegetação densa, com folhas verdes brilhando sob a luz do sol que atravessa a copa das árvores. Pequenos galhos e cipós crescem ao redor do tronco, destacando a biodiversidade do ambiente.

Gostou do conteúdo e quer ficar por dentro de tudo? O C² preparou um mini doc sobre a expedição dos pesquisadores ao Brasil. Vem conhecer com a gente cada detalhe dessa aventura!

Novidades e novas fronteiras na pesquisa

Com o avanço das pesquisas do NAPI Biodiversidade, o Paraná se firma como referência na integração entre ciência e conservação, promovendo conhecimento e ações concretas para a preservação das florestas e da riqueza natural do estado.

Esse ano, o RESTORE se prepara para uma nova etapa, em parceria com pesquisadores da Universidade de Macquarie, incluindo Schrader, que consiste na aplicação da nanotecnologia na araucária (Araucaria angustifolia) e espécies relacionadas.  

Por enquanto, o Arranjo estuda apenas espécies da região norte do Paraná, denominada Floresta Estacional Semidecidual, região com pouquíssimas araucárias nativas. Em razão disso, o grupo pretende expandir para a área da Floresta Ombrófila Mista, popularmente conhecida como Floresta de Araucária. 

Mas de que forma acontecerá essa parceria entre Paraná e Austrália? 

A conexão com os pesquisadores de Macquarie surge a partir da araucária, cujo gênero botânico também apresenta espécies em território australiano, e assim como a espécie brasileira, com fisiologia pouquíssimo estudada.

Focados no reflorestamento, os pesquisadores vão pensar estratégias, padronizar a manipulação dessas espécies, e comparar os resultados encontrados, a fim de identificar se existem padrões.

Juntos, brasileiros e australianos irão desenvolver a mesma pesquisa, mas sob condições diferentes, uma vez que o solo, clima e outros fatores são aspectos distintos de cada área. Mas a ideia é justamente essa! Verificar se os resultados obtidos se assemelham, bem como possíveis falhas na pesquisa.

Já os pesquisadores Marcos Carlucci e Victor Zwiener, da Universidade Federal do Paraná, juntamente com os australianos, vão fazer estudos de modelagem de como a distribuição de espécies de araucária devem ser afetadas diante de diferentes cenários de mudanças climáticas.

E como diz o ditado: “duas cabeças pensam melhor que uma”, ou devo dizer, dois países pensam melhor que um? A união de diferentes perspectivas científicas pode acelerar o desenvolvimento de soluções. “É muito bom porque você tem experiências diferentes, né? Por mais que sejam áreas parecidas. Cada um tem formação diferente, tem uma visão diferente. Isso pode ajudar muito”, ressalta Caixeta.

O coordenador destacou uma troca de conhecimento que ocorreu entre os pesquisadores. Enquanto os pesquisadores brasileiros aprenderam técnicas de hidráulica de plantas com a Austrália, o Brasil compartilhou a pesquisa sobre nanotecnologia. “É uma via de mão dupla. A gente tem o que contribuir com eles, eles tem o que contribuir com a gente, e com isso todo mundo sai ganhando”, comenta Halley Caixeta. 

De cooperação internacional o RESTORE entende. Você sabia que o projeto nasceu através da colaboração de três países? O início se deu com a união do Brasil, Alemanha e França, com o intuito de estudar de que forma microbiotas são afetadas pela seca. Empolgado, Caixeta declara que “esse tipo de trabalho em parceria é importante pra gente poder ampliar o impacto do que se está descobrindo. Você consegue ver se isso tem uma validade para além de Londrina, nesse caso consegue validar isso a nível internacional”.

Desafios para Conservação no Paraná

O Paraná enfrenta desafios significativos na conservação de sua biodiversidade. A alta diversidade de espécies é um dos principais obstáculos. Embora seja uma vantagem, também torna a conservação mais difícil. Cada espécie reage de maneira única ao ambiente, o que exige uma compreensão detalhada de suas necessidades para formular estratégias eficazes.

Além disso, a fragmentação do ambiente é um grande problema. O professor Halley Caixeta explica que a expansão de áreas de soja e agricultura criou “pequenos fragmentos de florestas, distantes uns dos outros”. Isso dificulta processos essenciais, como a dispersão de sementes, prejudicando o reflorestamento e a regeneração natural.

As mudanças climáticas também agravam essa situação, dificultando ainda mais a adaptação das espécies. A fragmentação, portanto, é um desafio crucial para a conservação no Paraná.

Apesar de essenciais, os fragmentos florestais poderiam ser mais conectados. O professor Halley enfatiza a necessidade de “corredores ecológicos” para ligar essas áreas. Ele sugere que a mata ciliar poderia ser usada como esses corredores, facilitando o movimento das espécies e promovendo a troca genética, vital para a manutenção da biodiversidade.

Impercepção botânica

O biólogo Cristiano Medri, professor do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina, destaca um fenômeno interessante: a “impercepção botânica”. Ele explica que as pessoas têm muita facilidade para identificar e distinguir espécies de animais, como coelhos e gatos, ou até marcas de carro, mas, quando se trata de plantas, há uma grande dificuldade. “As pessoas percebem as plantas apenas como uma massa vegetal indistinta”, diz Medri.

A imagem mostra Cristiano, um homem de barba grisalha e pele morena, vestindo uma camiseta clara e um boné marrom. Ele carrega uma mochila de trilha com alças reforçadas. Cristiano está em meio à vegetação densa da floresta do Parque Estadual Mata dos Godoy, cercado por árvores altas e folhas verdes. Seu olhar está direcionado para cima, com uma expressão de admiração e curiosidade, como se observasse algo interessante no alto das árvores.
Cristiano Medri durante visita a Mata dos Godoy (Foto/Sabrina Heck)

Esse problema, segundo o professor, é um reflexo da falta de educação sobre a natureza. Se não conseguimos reconhecer as plantas ao nosso redor, como podemos entender sua importância para a conservação? Sem essa percepção, fica difícil criar uma conscientização ambiental verdadeira e, consequentemente, escolher líderes comprometidos com a preservação.

Medri ressalta que essa “impercepção” começa com pequenos detalhes, como uma plantinha que cresce sobre a pedra, muitas vezes ignorada. No entanto, esse problema aparentemente pequeno tem um impacto grande, refletindo questões maiores sobre a conservação do meio ambiente e a sustentabilidade do nosso planeta.

Ainda, o professor ressalta a beleza das florestas paranaenses: “de grande exuberância e biodiversidade”, e destaca o encanto de estrangeiros ao perceberam a nossa biodiversidade, “eles realmente ficam impactados com a biodiversidade que a gente tem, né?”.

Para se ter uma ideia, apenas no Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG), localizado em Londrina, existem aproximadamente 120 espécies de árvores por hectare. A nível comparativo, um campo de futebol tem aproximadamente a mesma metragem de um hectare. Em países de clima temperado, em grandes áreas como a Mata dos Godoy, “encontramos cinco, seis espécies de árvores num parque completo, uma grande unidade de conservação, enquanto que aqui a gente caminha poucos metros e a gente percebe muitas espécies numa complexidade muito grande”, salienta Medri.

Ameaça a biodiversidade paranaense

Infelizmente, a Mata dos Godoy, assim como tantas outras áreas que apresentam grande riqueza em biodiversidade são negligenciadas pelo Estado. Inclusive, existem áreas como o Campo das Pedras, que possuem uma biodiversidade única, mas não estão delimitadas como unidades de conservação, então há um risco iminente de ameaça à vida dessas espécies.

Medri ressalta a urgência de um olhar mais cuidadoso para locais como o PEMG, “porque, além da sua importância ecológica e ambiental, poderia ser um grande instrumento de educação histórica e ambiental para a população de Londrina.” 

É imprescindível o apoio de governantes e de toda a população para a efetiva conservação da nossa floresta, redução do desmatamento, e restauração de áreas degradadas, proporcionando maior harmonia entre a natureza e a existência humana.

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Texto:
Sabrina Heck e Yumi Aoki
Supervisão de Texto: Ana Paula Machado Velho
Edição de vídeo: Yumi Aoki
Arte: Lucas Higashi
Supervisão de arte: Hellen Vieira
Edição Digital: Guilherme Henrique

Glossário

Biopolímeros – São compostos químicos  produzidos por meio de processos químicos realizados por seres vivos ou a partir de matérias primas de fontes renováveis de energia, como milho, cana de açúcar, celulose e outras.

A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

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