Pequena ação, grande passo para o meio ambiente

A imagem representa um aperto de mãos entre uma criança e uma plantinha, simbolizando a importância do contato com o meio ambiente ainda na infância. A menina, que usa uma blusa amarela e calça cinza, está em um gramado verde. À volta dela, tem várias folhas, um dente de leão e uma capuchinha.
Até mesmo práticas simples, como manter uma alimentação mais saudável e econômica, podem contribuir com o planeta

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O primeiro passo para enfrentar qualquer problema é falar sobre ele. Discutir a nossa relação com o meio ambiente, por exemplo, nos faz pensar sobre a necessidade de adotar práticas ecológicas no dia a dia. Mais que isso, traz à tona questões urgentes, como insegurança alimentar e mudanças climáticas — e esse é um dos motivos que fazem a Educação Ambiental ser tão importante.

Talvez você nem saiba, mas se o seu professor já trouxe essa conversa pra sala de aula, ela foi e é muito valiosa para sua formação. Aulas que explicam sobre essa dinâmica da sociedade com a natureza criam cidadãos mais críticos e conscientes sobre o uso dos recursos naturais. 

Felizmente, a Educação Ambiental (EA) está prevista na nossa Constituição Federal, de 1988. Além disso, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), instituída pela Lei nº 9.795/99, visa promover a EA “em todos os níveis e modalidades do processo educativo”. Em cenários de vulnerabilidade socioeconômica, esse conhecimento pode ser uma peça chave.

A imagem mostra exemplos de práticas que aprendemos através da Educação Ambiental. Quando ensinada nas escolas por meio de atividades lúdicas, as crianças passam a adotar hábitos sustentáveis e ecológicos, como separar o lixo ou plantar uma muda, por exemplo. Ao final, há créditos para a fonte da informação, que foi coletada da cartilha do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), disponibilizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Iniciativas sustentáveis, por menores que sejam, são essenciais não só para o planeta. O desemprego, muitas vezes, afeta diretamente a nutrição familiar e algumas práticas poderiam ajudar a minimizar tal impacto. É o caso das hortas comunitárias, que são uma alternativa menos danosa ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, levam a uma alimentação mais saudável. 

Foi pensando nisso que Samuel Silva Mendes, recém-formado no curso de Licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), desenvolveu o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A dissertação, intitulada “O uso de PANCs e Plantas Indicadoras no ensino de (Bio)geografia”, mostra como a Educação Ambiental pode ser essencial para a construção de um entendimento adequado acerca do meio ambiente.

Foto tirada no dia da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Samuel. Na imagem, o estudante está na companhia de sua orientadora, a professora Patrícia Paula-Shinobu. Ao fundo, a tela inicial do seu trabalho, com o nome da dissertação: O uso de PANCs e Plantas Indicadoras no ensino de (Bio)geografia.
Samuel S. Mendes na companhia de sua orientadora, professora Patrícia Paula-Shinobu (Foto/Arquivo pessoal)

Ao longo do trabalho, Samuel destaca como a conscientização ambiental, inclusive sobre o uso de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e Plantas Indicadoras (PIs), ajuda a reverter aquela lógica que prioriza o lucro ao invés da sustentabilidade. “Quando a gente educa as pessoas na área ambiental, mostramos que dá para viver bem mesmo com pouco, mesmo quando o sistema impõe que é pouco”, explica. “É ser anticapitalista em pequenas ações.”

Afinal, o que são PANCs e PIs?

Plantas Alimentícias Não Convencionais ou PANCs. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), este é o nome dado para algumas plantas que crescem espontaneamente. Elas também podem ser cultivadas em quintais urbanos e possuem diferentes partes comestíveis, como raízes, folhas, flores, frutos, tubérculos e sementes.

A imagem mostra exemplos de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), como a Serralha (Sonchus oleraceus), Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), Peixinho (Nematanthus gregarius), Dente-de-leão (Taraxacum officinale) e Almeirão-roxo (Lactuca canadensis). Ao final, há créditos para a fonte da informação, que foi coletada no site do Sebrae, Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Por surgirem praticamente em qualquer lugar, muitos consideram as PANCs como espécies invasoras. Porém, chamá-las assim é ignorar o potencial nutricional de plantas tão importantes, que também podem ser fonte de renda na agricultura familiar. Segundo Samuel, elas têm inúmeros benefícios, mas são pouco comercializadas. “Podem ser medicinais, dá para fazer chá, salada, tempero e as pessoas não sabem disso, porque não é divulgado.”

Já as Plantas Indicadoras, ou PIs, ajudam a medir a qualidade do solo. Elas nascem espontaneamente, adaptam-se muito bem ao local e ‘deduram’ quando algo está prejudicando ou beneficiando a terra. Podem mostrar, por exemplo, a situação do pH (acidez do solo) e algumas também são comestíveis. “São plantas que podem ser PANCs, mas não são necessariamente. […] Elas indicam a qualidade, são indicadoras”, esclarece Samuel.

A imagem mostra exemplos de Plantas Indicadoras (PIs), como a Azedinha (Oxalis oxyptera), Capim carrapicho (Cenchrus echinatus), Cavalinha (Equisetum sp.), Samambaia (Pteridium aquilinum) e Nabo (Raphanus raphanistrum). Ao final, há créditos para a fonte da informação, que foi coletada em Fichas Agroecológicas disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Para desenvolver a pesquisa, o estudante catalogou 34 espécies de plantas do Centro de Ciências Exatas (CCE) da UEL. Samuel indica 15 espécies de PANCs, 5 de PIs, 2 que não foram possíveis de classificar por falta de material botânico e 16 que não se enquadram em nenhuma categoria. Percebe? Existe diversidade e soluções sustentáveis ao nosso redor. 

Educação Ambiental é futuro!

A gente já conversou sobre isso, mas vale reforçar: a Educação Ambiental é importante! Muito do que se aprende com ela pode garantir o futuro da humanidade e do meio ambiente como um todo. Isso porque trabalha com temas como biodiversidade, cultura alimentar e consciência climática.

De acordo com a professora Patrícia Paula-Shinobu, biogeógrafa e docente no Departamento de Geografia da UEL, esse debate em sala de aula é ainda mais necessário, pois apresenta o espaço geográfico de uma maneira diferente. “O intuito da biogeografia é potencializar essa leitura de espaço a partir do que ele tem […] e aí podemos absorver e incorporar no nosso cotidiano”, destaca.

Utilizar as PANCs como um recurso didático na Geografia, por exemplo, conecta os estudantes com questões sociais e ambientais. Afinal, essas plantas também são uma alternativa mais econômica para o consumo de alimentos saudáveis, podendo diminuir a perda nutricional e até auxiliar no combate à desigualdade social.

Para a professora, que orientou o trabalho de Samuel, é preciso popularizar a acessibilidade dos alimentos. “As PANCs eram espécies consumidas, mas que ao longo do tempo foram deixando de ser por conta de uma imposição capitalista, que define o que pode ou não ser consumido”, explica. “Dá para mostrar para os alunos que é possível ter essas plantas no fundo do quintal, em um terreno baldio e sem grandes preocupações no cuidado.”

EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto:
Isabella Abrão
Revisão de texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Lucas Higashi
Supervisão de arte: Lucas Higashi
Edição Digital: Guilherme Nascimento

A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

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