Que tal uma viagem pelo universo, sem precisar sair do Paraná? Se você acha que para explorar estrelas e planetas é preciso um foguete, é hora de conhecer alguns dos incríveis planetários espalhados pelo nosso Estado.
Planetários são verdadeiros portais para conhecer o cosmo, com atividades interativas, histórias fascinantes e experiências que encantam desde os curiosos de primeira viagem até os astrônomos de carteirinha.
Com tetos que parecem infinitos e projetores especiais, os planetários simulam as diferentes variações do céu, desde noites estreladas até dias ensolarados, e nos levam a observar fenômenos astronômicos que ocorrem em diferentes épocas e locais de observação. Em questão de segundos, é possível testemunhar movimentos celestes que, na realidade, levariam anos—ou até séculos—para se completar no universo!
Com uma programação variada, que inclui sessões de observação do céu e atividades educativas, esses planetários oferecem uma oportunidade única de explorar os mistérios do cosmos.
Você sabia que o Paraná é lar de vários planetários?
Hoje, vamos conhecer quatro dos nove que estão espalhados pelo estado. Cada um tem sua própria história e características únicas, mas todos compartilham o mesmo propósito: aproximar o público do fascinante universo da astronomia.
Planetário Móvel da UEPG
Para começar, vamos falar sobre o planetário móvel e inflável da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que é um verdadeiro destaque na divulgação científica. Por ser portátil, ele pode ser levado para qualquer lugar, disseminando conhecimento astronômico a diversas comunidades e eventos.
Atualmente, essa estrutura está montada ao lado do Museu de Ciências Naturais da instituição, permitindo uma colaboração única entre os dois espaços. Essa proximidade possibilita que visitantes do museu tenham a oportunidade de explorar o planetário e vice-versa, proporcionando uma experiência de aprendizado ainda mais rica e envolvente.
Assim que você entra, o encantamento começa. As projeções no interior do planetário criam uma atmosfera mágica, onde é possível simular o céu de qualquer lugar do planeta, viajar no tempo e explorar um vasto universo de possibilidades.
Muitos acreditam que dentro dos planetários se veem apenas planetas, mas a experiência vai muito além. Segundo o estudante de doutorado e planetarista Matheus Leal Castanheira, “os visitantes podem admirar constelações, objetos de céu profundo, galáxias e muito mais, revelando a imensidão e a beleza do cosmos”.
Primeira descoberta brasileira
Além disso, essa busca pelo conhecimento não se limita apenas às estrelas. Quando pensamos nas grandes descobertas do universo, logo associamos a pesquisadores ou agências estrangeiras, não é mesmo? Mas e se eu te contar que a primeira descoberta 100% brasileira aconteceu bem aqui no interior do Paraná, em Ponta Grossa?
O exoplaneta CoRoT ID 223977153-b foi descoberto por uma equipe da universidade, liderada pelo professor Marcelo Emílio, diretor do Observatório Astronômico da UEPG.
A pesquisa foi o tema do doutorado de Rodrigo Carlos Boufleur em 2017, que se dedicou a encontrar novos planetas, analisando 100 mil estrelas e selecionando 20 candidatos. Desses, conseguiram confirmar um, que se tornou o primeiro exoplaneta 100% brasileiro.
“Brincamos que esse é o primeiro exoplaneta 100% brasileiro, porque já houve brasileiros que descobriram planetas como parte de grupos internacionais. Mas este é o primeiro exoplaneta descoberto exclusivamente por uma equipe brasileira”, explica o professor.
Mas afinal, o que é um exoplaneta?
Um exoplaneta, ou planeta extrassolar, é um planeta que orbita uma estrela fora do nosso Sistema Solar. Esses mundos podem variar em tamanho, composição e condições atmosféricas, oferecendo uma rica diversidade para estudo.
Essa conquista não apenas colocou o Paraná no mapa da ciência internacional, mas trouxe grande reconhecimento à instituição. A descoberta foi publicada em uma prestigiada revista científica, demonstrando que o céu realmente não é o limite para a pesquisa e a inovação!
Astronomia indígena no Paraná
Imagine um lugar onde as estrelas se encontram com as tradições indígenas e o conhecimento científico se transforma em uma experiência única. O Parque da Ciência Newton Freire Maia, localizado em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, é esse espaço mágico que vai muito além da astronomia tradicional.

O diferencial do planetário indígena é a perspectiva que une a astronomia tradicional, de base eurocentrada, com a cosmovisão indígena, em particular a tupi-guarani, sobre o cosmos. Pioneiro na abordagem da astronomia indígena no Brasil, o parque se destaca por valorizar e integrar esse conhecimento ancestral.
O professor Anisio Lasievicz, diretor do Parque da Ciência, compartilha que mitos e fenômenos do universo são explicados a partir da visão indígena, destacando a riqueza do saber dos povos originários, ao mesmo tempo que apresenta a cosmovisão tradicional e integra ambos os conhecimentos.
Afinal, os europeus não foram os únicos a criar mitos e explicações sobre o céu. Cada civilização desenvolveu suas próprias narrativas para compreender as regularidades da natureza de acordo com sua própria cultura.
Ainda que existam diferenças de latitudes que influenciam a observação do céu, ele “é basicamente o mesmo acima da cabeça de todo mundo”, como explica Lasievicz. Com 22 anos de experiência em divulgação científica, sendo 21 deles dedicados ao parque, o professor, servidor da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, é formado em Matemática com especialização em Astronomia.
O diretor revela ao C² como surgiu a proposta de trabalhar com a cosmovisão indígena dentro do planetário. Essa abordagem inovadora foi propiciada pelo trabalho do professor Germano Bruno Afonso, ex-professor do Departamento de Física, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Descendente de tupi-guarani, Afonso cresceu cercado por histórias sobre o cosmos que eram contadas por seus ancestrais indígenas. Ao final da carreira, Afonso percebeu que não havia nada relacionado a cosmovisão indigena catalogada. A partir daí, ele iniciou o processo de resgate e sistematização do conhecimento indigena. Afonso tornou-se referência em Arqueoastronomia e Etnoastronomia Indígena brasileira.
No ano de 2021, Afonso faleceu, mas seu trabalho segue sendo amplamente difundido por todo Brasil, em especial no Parque da Ciência.
O futuro é logo ali!
Já imaginou visitar o planetário mais moderno da América Latina? E se eu te falar que talvez esse lugar esteja mais próximo do que você imagina?
Esse ano o Governo do Paraná anunciou investimentos para a modernização do Parque da Ciência. O projeto é ambicioso e ainda está na fase de planejamento, mas já é uma grande promessa para o nosso Estado, que é referência em inovação e tecnologia.
A expectativa é que se torne o planetário mais moderno da América Latina, sendo referência na promoção da ciência para todo o mundo!
Novidade em Maringá
Um novo capítulo se inicia em Maringá, e a Universidade Estadual de Maringá (UEM) brilha ainda mais intensamente! Reconhecida por sua contribuição ao conhecimento no Estado, neste ano, a UEM se tornou um marco não apenas para o Paraná, mas para todo o Brasil.
Conhecida pela divulgação da ciência, tecnologia e inovação desenvolvida no estado, a feira do “Paraná Faz Ciência” se traduziu em exatamente tudo que se propõe para cidade sede do evento em 2024, Maringá. Foi durante o evento que o segundo planetário da cidade foi inaugurado.
Agora, a UEM se torna a única universidade brasileira a contar com dois planetários operando!
Embora analógico, o primeiro planetário da cidade, Circus Stellarium, está funcionando perfeitamente bem e seguirá com suas atividades.
O espaço recém inaugurado, batizado como Planetário Professor Carlos Alfredo Argüello, marca um novo tempo, com muita exploração e aprendizado. Equipado com tecnologia de última geração, o planetário é um convite a viajar pelo cosmo e conhecer alguns detalhes da imensidão do universo.
Em poltronas reclináveis, sob um teto que se transforma em um espetáculo de luzes e imagens, é possível aprender sobre Astronomia de uma forma ainda mais divertida.
Mesmo sendo novinho, o planetário é um sonho antigo e já carrega muita história, a começar pelo seu nome, homenagem ao professor, cientista, educador e indigenista da Unicamp, Carlos Alfredo Argüello, falecido em 2020. Argüello ajudou a fundar o Instituto de Física da Unicamp, dirigindo-o, e o importante NIMEC (Núcleo Interdisciplinar para a Melhoria do Ensino de Ciências), por isso, é reconhecido como um grande educador para a ciência.
E seus feitos não param por aí! Pode parecer audacioso demais, e até mesmo loucura, mas acredite se quiser: ele já atravessou o Atlântico praticamente sozinho em um barco construído por ele próprio!
Mas qual a relação de Argüello com a UEM? Bom, ele foi o orientador de Mestrado do professor Marcos Cesar Danhoni Neves, que idealizou o planetário e é responsável pelo projeto.
O sonho continua
“A concretização do planetário era um grande sonho, mas a luta ainda não terminou. Junto do planetário trabalhamos para a criação da Praça do Céu, um projeto ambicioso que será uma releitura do Stonehenge, observatório astronômico pré-histórico inglês, construído com pedras que marcam as posições dos solstícios e equinócios”, explica Danhoni.
Ao que tudo indica, tão logo o sonho de Danhoni se tornará realidade. O reitor da universidade, Leandro Vanalli, informou que há recursos do Governo do Estado para a conclusão do projeto.
Assim, Maringá se consolida como um grande polo do ensino de astronomia no Paraná e no Brasil, iluminando o caminho para o futuro da ciência e do conhecimento!
Planetário de Londrina – Aprendizado fora da caixa
Agora, vamos para o planetário da cidade de Londrina, um projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina, inaugurado em 2007. Com um objetivo lúdico, ele visa divulgar o conhecimento da astronomia e melhorar a qualidade do ensino nas escolas da região.
Situado no centro da cidade, em um espaço cedido pela Prefeitura, o planetário conta com uma cúpula de 8 metros de diâmetro, que acomoda até 44 pessoas. As sessões de cúpula são conduzidas por “planetaristas” com formação em física e pós-graduação em ensino de ciências.
Cerca de 2 mil crianças são atendidas mensalmente. As visitas ao planetário são consideradas essenciais. Segundo o planetarista Flávio, “além de ser uma divulgação científica, especialmente para as crianças que são muito curiosas, também ajuda a afastar pseudociências e informações que não são verdadeiras, mostrando que a ciência é acessível para todo mundo.”
O planetário oferece cursos voltados para diferentes faixas etárias, utilizando materiais criados pela própria equipe. Além disso, promove oficinas de astronomia, brincadeiras e atividades lúdicas sobre temas relacionados ao espaço.
Importância dos Planetários
Qual a relevância e os benefícios de espaços de aprendizagem não tradicionais que fomentam a ciência e a curiosidade na população de modo geral?
Os planetários, seja a cidade onde ele estiver, desempenham um papel fundamental na promoção da ciência e na educação. Eles não apenas servem como espaços de aprendizado, mas também como centros de inspiração, despertando a curiosidade e o interesse das novas gerações pela astronomia e pelas ciências em geral.
Esses locais são mais do que simples instalações; são pontes que conectam o conhecimento científico à sociedade. Ao oferecer experiências lúdicas e educativas, os planetários ajudam a combater a desinformação e a desenvolver um pensamento crítico nas crianças, adolescentes e em toda comunidade.
Além disso, ao acolher milhares de visitantes, esses espaços fomentam o acesso à ciência, tornando-a mais acessível e relevante para todos. Em um mundo onde a informação é abundante, mas nem sempre precisa, a importância de iniciativas que promovam o entendimento científico se torna ainda mais evidente.
Assim, os planetários não apenas iluminam o céu noturno, mas também abrem novas possibilidades para a educação e o engajamento da sociedade com a ciência.
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Texto: Sabrina Heck e Yumi Aoki
Supervisão de Texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Hellen Vieira
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior
A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

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