UEM em exposição: extensão na veia

Feira agropecuária leva conhecimento produzido na universidade para a população em geral, na Expociência

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Quando pensamos em ciência, os primeiros lugares que nos vêm à mente são a escola, a universidade ou o laboratório. Estamos acostumados a pensar que, fora desses ambientes, o tema “praticamente não existe”, apesar de estarmos rodeados de conhecimento científico aplicado ao nosso dia a dia o tempo todo. Para que se deixe de lado essa concepção, é preciso garantir que a ciência esteja presente, de forma visível, em todos os lugares, incluindo os momentos de entretenimento. É o que vai acontecer, de 5 a 15 de maio, na Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá – Expoingá, desse ano: a Universidade Estadual de Maringá (UEM) vai estar presente!

Não será a primeira vez. Aliás, a instituição de ensino é parceira há anos do evento. Na última edição, a presença foi marcante. Foram levadas amostras de inúmeros experimentos com objetivo de divulgar o que é feito na Universidade, mas em um clima de muita diversão. A ideia era que as pessoas pudessem experimentar momentos de contato com a produção científica. Deu tão certo que, em 2022, a presença da UEM será ainda maior.

Estande da UEM na Expoingá 2022

Quem explica mais detalhes dessa interação é um dos organizadores da exposição, o professor do Departamento de Física da Universidade, Breno Ferraz de Oliveira, que é o atual diretor de Extensão da Universidade. Segundo ele, “a programação conta com mostras de cursos de graduação, de pós-graduação, oportunidades de contato com as empresas juniores ligadas à UEM, entre outros projetos específicos, como a atuação do Núcleo Maria da Penha (Numape), do Paraná Mais Orgânico, que tem ações, por exemplo, de hortas urbanas, e do Neddij [Programa Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude], que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade”. 

A UEM vai estar presente em dois pavilhões do Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro, onde ocorre a Expoingá. No Pavilhão Azul, Pavilhão da indústria e comércio, haverá um estande de 90 metros quadrados, que vai ser destinado às mostras de cursos, atuação das empresas juniores, grupos PET, e inúmeros projetos da UEM. Ali também estarão os alunos de Comunicação e Multimeios, que vão registrar o evento. Além disso, a Universidade vai ocupar um terço do Pavilhão Branco, onde acontecerá a Expociência: da terra ao espaço. Serão montados dois giroscópios, alguns experimentos de Física e Matemática, e elaboradas exposições com ambientes da mata atlântica e outros biomas do Paraná. Nestes serão expostos exemplares de animais taxidermizados, que fazem parte do acervo do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), da Universidade de Maringá.

Segundo Breno Oliveira, o grande chamativo é o Giroscópio Humano, que são argolas em que a pessoa fica no meio, com o corpo girando e tendo sensações distintas à medida que o centro de gravidade dela muda. De acordo com Breno, é importante mostrar os aspectos materiais da Física, já que no ensino médio e na escola em geral, ela é ensinada de forma matematizada, muito abstrata. 

“Por exemplo, temos o Looping, que é tipo uma montanha russa. No próprio parque temos uma montanha russa. Quando explicamos o conceito de que a altura mínima para se soltar a bola tem que ser maior que a altura do looping para completar a volta, o indivíduo olha para o brinquedo de diversão e a primeira coisa que ela lembra é da explicação. Quando ele faz essa associação, quer dizer que ele aprendeu de uma maneira significativa”, justificou o professor.

De acordo com Oliveira, a ideia é aprender se divertindo. Os participantes serão inseridos no contexto da ciência. Além de usar o giroscópio, poderão manipular os experimentos de Física e Matemática. Não haverá nenhum seminário ou palestra. A ideia é que a experiência seja bem dinâmica; explicações rápidas, que acompanhem o fluxo de visita do público, que é de passar pelo espaço e não ficar parado por muito tempo.

Para Breno, a importância da divulgação científica em espaços como a Expoingá se dá porque ajuda a mostrar para qualquer pessoa que ela pode entrar na universidade, de que a UEM “está logo ali”, e que pode fazer parte da vida de qualquer indivíduo. Além de ser uma forma de retribuir o investimento financeiro que o governo faz na Instituição para a comunidade, levando conhecimento em momentos de entretenimento. “Essa parceria tende a perdurar por ser benéfica para os dois lados, tanto para o evento, a Expoingá, quanto para a Universidade, que divulga a produção que acontece dentro dela, e desmitificar a ideia de que só quem está inserido no mundo da ciência tem acesso a ela”.

Mudi

Marcílio Hubner de Miranda Neto, atual coordenador do Mudi, diz que a Expoingá é um evento muito importante para Maringá e região, uma vez que gera empregos, realiza negócios, traz atrações para todos. Para a professora da UEM, Ana Paula Vidotti, integrante do grupo do Mudi, o evento se consolida como um importante meio de educação não formal, uma vez que a aprendizagem se dá por meio das práticas sociais abrindo janelas de conhecimento sobre o mundo que envolve os indivíduos.

Ana Paula anuncia que, em 2022, a UEM, literalmente, “vai a Expoingá”! A Feira vai receber uma belíssima exposição do acervo do museu com uma apresentação caprichada, levando em consideração as regras de museografia e cenografia, para criar um verdadeiro ambiente de divulgação científica. Tudo isso, ainda mediado por monitores do Museu Dinâmico Interdisciplinar. “Em resumo, o projeto itinerante do MUDI, que visa transpor os muros da universidade e levar as experiências vivenciadas nela até a comunidade. Vamos nos apresentar em peso na Feira e trazer para a universidade o que aprendemos e vivenciamos, neste rico contato com a população”, comemora a bióloga.

A professora Sônia Trannin de Mello, que também atua no Mudi, concorda que a Expoingá é mais que um dos principais eventos de estímulo ao agronegócio de Maringá e região. A docente lembra que “a Feira recebe, todos os anos, milhares de pessoas interessadas em tecnologia, inovação, sustentabilidade, comércio, serviços, entretenimento, cultura e gastronomia. Todos com grandes possibilidades de interação e aprendizado. Participar da Expoingá permite que a universidade, além de cumprir com o principal objetivo da extensão, que é a troca de conhecimentos, contribua para que alunos e cidadãos possam perceber necessidades, anseios, aspirações e saberes, socializando e democratizando o acesso à informação”. 

Sônia Trannin de Mello estará presente na Feira, dando apoio às ações do Mudi, para que a universidade estreite laços ao aproximar da sociedade os conceitos e conhecimentos desenvolvidos no ambiente acadêmico. Em 2022, a equipe da professora vai trabalhar em conjunto dois projetos sob coordenação dela: “Prevenção e autocuidado na saúde reprodutiva” e “Logística reversa e coleta seletiva: aprendendo com o Juca, mascote do Mudi, sobre sustentabilidade”.

Sônia Trannin de Mello coordenadora do projeto de extensão “Prevenção e autocuidado na saúde reprodutiva” (Arquivo pessoal)

“O objetivo é chamar a atenção sobre o custo de se menstruar. Esse tema tem ganhado, timidamente, espaço na mídia e nos estudos acadêmicos. Por isso, ainda precisa ser muito divulgado, debatido e discutido, já que, além das consequências para a saúde e qualidade de vida das pessoas que menstruam, engloba a falta de informações sobre as opções de absorventes ecológicos disponíveis para venda e o ônus social e ambiental, proveniente das toneladas de plástico que vão todos os dias para os aterros sanitários. A adequada gestão destas questões exige que as pessoas tenham não apenas acesso a materiais de saúde menstrual, mas, também, conhecimento sobre as opções e possibilidades de escolhas ecologicamente corretas”, explica a professora.

Sônia ainda destaca que, quando pensamos em preservação do meio ambiente, temos que deixar de lado o conceito de que existem questões femininas e masculinas. “A responsabilidade é de todos, independente de idade, sexo, raça ou cor. Sem dúvidas, participar da Expoingá oportunizará o encontro entre as mais diferentes pessoas permitindo que ações educativas sensibilizem, estimulem e levem ao debate e reflexões a respeito do assunto, visando conscientização de todo mundo acerca da temática”. 

SOS

Para a professora da Universidade de Maringá, Evanilde Benedito, a Expoingá é uma oportunidade importante para que cientistas entrem em contato com a população de Maringá e região, e espalhem informações sobre a pesquisa que é feita nos laboratórios e nas salas de aula da graduação e da pós-graduação. Na verdade, é a aproximação da academia com a comunidade e as escolas dos municípios vizinhos de Maringá. 

Evanilde atua no curso de graduação em Ciências Biológicas e nos programas de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e de Pós-graduação em Biologia Comparada. O grupo do qual ela participa vai levar para a Feira todo o material criado e utilizado no projeto SOS Riachos, que promoveu ações de educação ambiental em parques, escolas e outras feiras. O visitante do estande da professora também poderá estimar sua pegada ecológica, conhecer os danos causados por microplásticos na saúde humana e muito mais.

“Haverá um espaço destinado ao Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura – Universidade Estadual de Maringá (Nupélia). O SOS é apenas um deles. Estarão lá o Projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Peld); o Programa de Proteção e Educação em Unidades de Conservação e Áreas Especialmente Protegidas, vinculado ao Centro de Ciências Biológicas (Proeducon); além de exposições de coleções de peixes, plantas, larvas de peixes e parasitos, por exemplo”, explicou a professora.

Todo o material é fruto de inúmeras pesquisas que foram realizadas nos quase 40 anos do Nupélia. O Núcleo é muito ativo em ambientes vitais para o Brasil, como o reservatório de Itaipu, a planície de alagamento do alto rio Paraná e muitos rios de abastecimento da região. “As informações científicas contribuem para a manutenção desses ecossistemas regionais e para o avanço da ciência brasileira. Assim, expor os resultados de tantos trabalhos para a população da região é imprescindível e a Expoingá é uma grande vitrine, onde a ciência de diversas áreas se encontra e dialoga contribuindo com o desenvolvimento sustentável do Brasil”, declara o coordenador das ações do Nupélia, na Expoingá, Matheus Maximilian Ratz Scoarize.

Zootecnia

“A participação da UEM na Expoingá legitima a própria existência da universidade”, diz o professor Leandro Castilha, do Departamento de Zootecnia da UEM. Para ele, “além da Instituição ter sido criada para impactar positivamente o território em que está instalada, promove transformações em prol da sociedade que a retroalimenta”. 

Castilha lembra que as ações e resultados de pesquisas em Zootecnia se confundem com a identidade da Feira, que surgiu num cenário essencialmente agropecuário, com raízes interioranas e de cultura sertaneja. 

Nessa edição da Expoingá, o Curso de Zootecnia da UEM vai participar com diversas frentes de trabalho. A Associação Paranaense dos Estudantes de Zootecnia (Apez), por meio de seus membros efetivos e de estagiários selecionados, vai organizar a condução dos animais de exposição e competição (grandes e pequenos ruminantes). 

O Grupo de Pesquisa em Ovinocultura GreenSheep vai exibir o sistema de produção 100% a pasto. Já a Coordenação do Curso de Zootecnia da UEM, em parceria com o Departamento de Zootecnia e o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, da UEM, vão promover uma celebração alusiva ao Dia do Zootecnista, 13 de maio, com participação especial de membros do Conselho Profissional, da Associação Brasileira de Zootecnistas, da Prefeitura de Maringá e da Comissão Organizadora da Expoingá.

A Empresa Júnior de Zootecnia – ZooJr. Consultoria vai expor os serviços de Consultoria Pecuária, no espaço do AgroMuseu. Aliás, o presidente Executivo do Núcleo Maringá  de Empresas Juniores da UEM, Guilherme Silva Oliveira, destaca que a presença das Empresas Juniores de Maringá na Exposição da cidade é um privilégio, que aumenta a visibilidade de todo o Movimento Empresa Júnior.  

“O movimento em si possui uma força muito grande, inspiradora, e uma missão esplêndida de transformar o País em um Brasil empreendedor através da vivência empresarial. E esta é obtida em todas as funções que os membros desempenham, e em todas as soluções que conseguem oferecer para o mercado, colocando em prática diversas habilidades técnicas e comportamentais, os conhecimentos adquiridos na universidade e aprimorados na vivência das empresas juniores”, argumenta Oliveira.

Expociência

Segundo a pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Sant’ Ana, a universidade se estrutura em três bases: ensino, pesquisa e extensão. A extensão se preocupa em levar o conhecimento desenvolvido nas salas de aula e laboratórios para as ruas, para as pessoas, para a população. Esse caminho também enriquece os cientistas que vão para as ruas, que aprendem na interação com os mais diversos tipos de público. 

“Se formos pensar, a Expoingá é uma dose cavalar de extensão nas veias da cidade de Maringá e região. Por meio dela, podemos mostrar para a sociedade que tudo que a gente faz aqui na universidade impacta diretamente na vida das pessoas, colocamos todos no mundo da ciência, apresentando experimentos, jogos. Transferimos a ciência do laboratório para o dia a dia. Além disso, é uma boa oportunidade de as pessoas conhecerem a universidade, como ela funciona… isso também é bastante importante”, conclui a pró-reitora, que convida todo mundo para visitar a ExpoCiência da UEM, na Feira de Maringá.

Glossário

Educação não formal – é a educação que ocorre fora do sistema formal de ensino, longe daquelas instituições em que a educação tem um espaço próprio para ocorrer, como nas escolas.

Taxidermia (ou taxiodermia) – é a prática de montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo. Popularmente conhecida como empalhamento, já que por mais de meio século a palha foi o enchimento usado nos corpos, a metodologia consiste na retirada da pele do animal que, depois de devidamente tratada, reveste um manequim.

O conteúdo desta página foi produzido por

Texto: Ana Paula Machado Velho, Beatriz Kruse e Felipe Casado
Arte: Any Caroliny Veronezi
Supervisão de Arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior


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