Diante do retorno às aulas presenciais e a necessidade de voltar à sair de casa, os alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, estão lidando, mais uma vez, com transformações significativas em sua rotina. E não é somente a modalidade das aulas que muda. Com a volta do presencial, o dia a dia dos estudantes, professores e servidores também sofre uma série de alterações.
De acordo com a pró-reitora de Extensão e Cultura, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, do Departamento de Ciências Morfológicas da UEM (DCM), a rotina é um fator essencial para o ordenamento externo dos ritmos internos, isto é, das necessidades do dia a dia. Entretanto, a pandemia mudou completamente a organização de todos, e para pior. “Durante a pandemia, nossa rotina foi alterada e, infelizmente, essa alteração foi para pior, porque as pessoas não respeitam as necessidades básicas do próprio organismo”, disse a professora.
Para se ter uma rotina, é preciso manter o ritmo biológico, que varia de um indivíduo para o outro, alguns são considerados matutinos, enquanto outros são vespertinos, como contou Débora Sant’Ana, “essa é uma questão da estrutura biológica, ligada aos genes. Você nasce matutino ou vespertino e será assim a vida toda”.
A professora também explicou que a maioria das pessoas apresenta um tipo biológico intermediário, ou seja, têm uma maior habilidade de adaptação a mudanças. Porém, há extremos, que são as pessoas com um ritmo endógeno, definido pelos genes. “Para você se conhecer”, propôs Débora, “imagine que você está de férias em algum lugar que você goste e você pode escolher o horário de dormir e de acordar. Neste caso, em qual horário você se sentiria bem?”
Além dessa questão dos tipos de “dormidores”, é preciso levar em consideração que a fase da adolescência é marcada por mudanças na estrutura cerebral e na condição hormonal. Assim, independente de ser matutino ou vespertino, o adolescente tem uma maior facilidade em acordar e dormir tarde, e, como os universitários ainda se encontram nessa faixa, é preciso ter um cuidado maior com o sono.
Vale ressaltar, também, que o tipo biológico de cada um permanece o mesmo, mas existe a possibilidade de se adaptar. E essa adaptação vai arrastando os ritmos biológicos para sincronizá-los e organizá-los. “A organização do ritmo biológico depende da organização de vários fatores como horário de dormir, de acordar e de se alimentar”, conta a pró-reitora. “Se você é intermediário ou se está nas variações menores, você consegue uma adaptação mais rápida. Mas aqueles que são extremos, vespertinos e matutinos, sofrem mais um pouco”, explica Débora Sant’ Ana.
DICAS
Para quem é estudante, a recomendação é que já comece a colocar o ritmo de acordo com as necessidades de cada um. “Coloque o despertador, prometa a si mesmo que você vai obedecê-lo e vai começar, mesmo que aparentemente cansado, a arrastar os seus ritmos para se preparar para a volta às aulas. Mantenha o esforço nos finais de semana, porque isso vai ser importante pra você”, recomenda a professora Débora.
Outro fator fundamental relacionado ao sono e ao aprendizado é a memória. O desenvolvimento de qualquer habilidade aprendida depende da memória, inclusive da memória para as atitudes e para os hábitos que cada um desenvolve no período em que está estudando.
Ouça o áudio abaixo em que a professora Débora explica com mais detalhes a relação entre sono, memória e aprendizado.
Outros fatores importantes para se ter uma boa noite de sono é a luz e a temperatura do ambiente. De acordo com a docente da UEM, “a luz atrapalha o sono de qualidade. Esse deve ser dormindo em ambiente totalmente escuro e as pessoas deveriam ficar de 30 minutos a duas horas sem contato com telas que emitem luz, antes de irem dormir, pois a luz inibe a produção do hormônio do sono: a melatonina. Isso se deve ao fato de existirem áreas no cérebro que respondem ao claro ou escuro para ativar ou inibir alguns hormônios. Além da presença de luz, um dos outros fatores que influenciam na qualidade do sono é a temperatura, precisamos de um ambiente fresco para dormir, porque o calor ou frio excessivo podem alterar o comportamento da temperatura do corpo e, consequentemente, alterar a qualidade do nosso sono”.
Talvez, inicialmente, a volta às aulas pareça um pouco puxada e cansativa, mas, com uma readaptação na rotina e a repetição de algumas ações, o corpo irá se acostumar e o ritmo biológico vai se sincronizar. Aos estudantes: se conheça e perceba quando o sono é necessário e quais os melhores horários. “Esse sono é quase sagrado e, praticamente, tão importante quanto ir à universidade”, finaliza a professora Débora.
O retorno às aulas e a necessidade de ressincronização dos ritmos biológicos foi tema debatido em uma das lives ministradas pelo professor Marcílio Hubner e pela professora Débora, por meio do canal do YouTube dos Amigos do Mudi. A live integral pode ser acessada neste link.
O conteúdo desta página foi produzido por
Texto: Thamiris Saito e Isadora Hamamoto
Edição de áudio: Isadora Hamamoto
Supervisão: Ana Paula Machado Velho
Arte: Murilo Mokwa
Supervisão de Arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior