A imagem mostra um museu com várias pessoas observando fósseis e pedras em vitrines. Há uma senhora com bengala, uma mulher sorridente, duas crianças e um homem de costas. As vitrines contêm fósseis de folhas, animais marinhos e pegadas, com desenhos de esqueletos de dinossauros nas laterais. O ambiente é acolhedor e educativo, com ênfase na diversidade de idades e no interesse pela ciência.
Uma viagem pela arqueologia, paleontologia e pela história do Museu da Universidade

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Em 18 de maio, celebramos o Dia Internacional dos Museus. Essa é a oportunidade perfeita para descobrirmos mais sobre espaços museais e de educação não formal aqui do nosso Estado e, hoje, o C² quer te contar sobre um Museu muito importante que temos em Ponta Grossa.

A imagem possui fundo em tons de verde claro com formas orgânicas suaves. No centro, há um grande círculo alaranjado com a pergunta em destaque: "O que caracteriza os espaços de educação não formal?". Ao redor dessa pergunta, estão distribuídas quatro ilustrações acompanhadas de textos explicativos. Na parte superior, aparece o desenho de um museu com colunas. Ao lado, lê-se: "Ocorrem em ambientes como museus, centros de ciências, ONGs e grupos de lazer – fora dos ambientes formais de educação, como as escolas e universidades." À esquerda, há a ilustração de três pessoas – uma criança, um adulto com boné e uma mulher com óculos –, acompanhada do texto: "Oferecem oportunidades de aprendizagem para públicos diversos." À direita, há o desenho de uma escola com pessoas caminhando ao redor, com o texto: "São complementares à educação formal." Na parte inferior, uma jovem segura um tubo de ensaio e sorri. Ao lado dela, está escrito: "Desenvolvem habilidades, conhecimentos e valores, muitas vezes, de forma mais imersiva e prática do que a educação formal." No canto inferior direito da imagem, estão os créditos: "© Conexão Ciência | Arte: Geovanna Dias Gabriel"

O geólogo, doutor em Ciências Naturais e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Antonio Liccardo, é o fundador e coordenador do Museu de Ciências Naturais (MCN) da UEPG. Inaugurado em 2022, o espaço começou a ser estruturado em 2019, porém, com a pandemia, teve suas atividades interrompidas e retomadas somente agora. O Museu conta hoje com mais de 2.500 peças e foi criado para contar a história da Terra, a partir de objetos de geodiversidade e biodiversidade. A proposta é clara: promover uma sensibilização sobre a formação e a preservação do meio ambiente.

A exposição foi feita especialmente para receber todos os tipos de público – desde quem já é acostumado a visitar espaços museais até pesquisadores ou o público geral. No acervo, a variedade impressiona até quem já visitou vários museus na vida. 

A seção de meteoritos do MCN é simplesmente a mais diversificada do Paraná e, sem dúvida nenhuma, é um dos destaques do Museu: são mais de 50 meteoritos e impactitos (rochas formadas por impactos meteoríticos). E não, não paramos por aqui: ele ainda conta com uma significativa coletânea de pedras preciosas e uma coleção didática de minerais, que rouba a atenção dos visitantes. 

Liccardo também destaca a coleção de fósseis do MCN. Ele a considera a mais importante do Museu, já que se trata de uma coleção que não pode ser comercializada. Os materiais só podem ser retirados por pesquisadores autorizados, o que também ajuda a contar a história das pesquisas nessa área dentro da UEPG.

  • A imagem mostra uma exposição no MCN, com vitrines de vidro organizadas em fileiras, exibindo minerais e rochas identificados por etiquetas e placas. O ambiente é bem iluminado, com piso claro e paredes altas. Visitantes, incluindo estudantes e adultos com mochilas e crachás, observam as amostras e interagem com a mostra. Ao fundo, painéis coloridos sobre a "História da Terra" apresentam imagens e textos educativos, reforçando o clima de aprendizado e curiosidade científica.
  • A imagem mostra uma exposição no MCN, com vitrines de vidro organizadas em fileiras, exibindo minerais e rochas identificados por etiquetas e placas. O ambiente é bem iluminado, com piso claro e paredes altas. Visitantes, incluindo estudantes e adultos com mochilas e crachás, observam as amostras e interagem com a mostra. Ao fundo, painéis coloridos sobre a "História da Terra" apresentam imagens e textos educativos, reforçando o clima de aprendizado e curiosidade científica.

Desde o início, o Museu já contava com um pequeno acervo arqueológico, recebido por doações. Hoje, reúne mais de uma centena de artefatos, como a réplica de uma pintura rupestre recém-descoberta, que representa um conjunto de araucárias e já foi tema de matéria especial no C². A réplica, feita pelo arqueólogo Moacir Elias Santos, pesquisador do MCN, ganhou grande repercussão na comunidade científica e tem atraído o público por retratar, além da arte rupestre, o principal símbolo do Paraná.
Além disso, o museu conta com uma seção permanente com artefatos de pedra, cerâmicas e a réplica da pintura rupestre. O acervo paleontológico do museu inclui fósseis do Paraná datados de até 1 bilhão de anos atrás até a era Cenozóica, há cerca de 2 milhões de anos. Entre esses fósseis, está o pterossauro do período Cretáceo (cerca de 70 a 80 milhões de anos), encontrado em Cruzeiro do Oeste (PR) e redescoberto na gaveta de um laboratório da UEPG — tema de outra matéria do C². O professor destaca o papel do Museu como representante da geodiversidade e biodiversidade do Paraná, parte essencial do nosso patrimônio natural. Em 2023, o MCN recebeu cerca de 15 mil visitantes, sendo mais de 80% estudantes da Educação Básica.

A imagem mostra o professor Antônio Liccardo (à direita) ao lado da equipe do Museu de Ciências Naturais (MCN). O ambiente tem piso de madeira e paredes brancas, típicos de espaços expositivos temporários. O grupo é composto por jovens sorridentes, sugerindo um clima descontraído e colaborativo. Dois deles estão agachados à frente, enquanto os demais estão em pé, lado a lado. A diversidade nas vestimentas e estilos evidencia um grupo dinâmico e engajado, provavelmente formado por estudantes e colaboradores do museu. A imagem transmite um forte senso de equipe, entusiasmo e dedicação à divulgação científica.
Professor Antonio à direita e a Equipe do MCN (Foto/Antonio Liccardo)

Um Jardim Geológico para chamar de nosso

Além de todos esses destaques do MCN que você acabou de conhecer, o Jardim Geológico do Paraná é um espaço único no Brasil, com o formato do mapa do estado. Nele, estão distribuídas amostras de rochas georreferenciadas, posicionadas conforme suas origens — como Palmas, Cruzeiro do Oeste, Curitiba e o litoral. A coleção, coletada nos anos 1980 pelo professor João José Bigarella (1923–2016), é acompanhada por painéis explicativos e permite ao visitante explorar a geodiversidade paranaense caminhando pelo mapa. Ficou curioso? Esse vídeo te mostra mais sobre a relevância do espaço.

Apesar da estrutura reduzida de pessoal, o Museu conta com forte participação de pesquisadores da graduação e pós-graduação. Segundo o coordenador, mesmo sendo recente, o museu já resultou em quatro teses de doutorado, cinco dissertações de mestrado, além de projetos de Extensão e Iniciação Científica, especialmente na área de Educação Museal.

Motivações pessoais – das brincadeiras à ciência

O professor Antonio Liccardo destaca que as pinturas rupestres predominam na região dos Campos Gerais e que, atualmente, a que mais chama a atenção dos pesquisadores é a que retrata araucárias. Essa história nos leva à trajetória da professora Cinara de Souza, nascida e criada em Piraí do Sul, cidade de cerca de 23 mil habitantes, a 73 km de Ponta Grossa. 

A primeira pintura rupestre descoberta no Paraná foi localizada em 1956, na fazenda do avô de Cinara. Ela lembra que, na infância, brincava com os primos ao redor das pinturas nos arenitos da região, sem imaginar que eram manifestações pré-históricas. A curiosidade a levou a seguir carreira como professora de História e, mais tarde, a se especializar em Arqueologia na primeira turma da UEM.

  • Uma mulher está posando para uma selfie em um ambiente interno, com expressão séria. Ela usa óculos, brincos grandes em formato de flor, anel dourado e está vestida com um blazer branco sobre uma blusa marrom. Atrás dela, há uma parede branca com quadros pendurados e parte de uma escultura visível no canto direito.
  • Um homem de meia-idade está sentado em um banco ou sofá, com as pernas afastadas e uma das mãos apoiada na perna. Ele veste uma camisa branca de botão e calça escura. Usa óculos e tem cabelo escuro. O fundo é uma parede marrom lisa, com parte de uma cadeira visível ao lado

Segundo a professora, que já foi secretária de Turismo e Cultura de Piraí do Sul, o município tem a maior concentração de sítios arqueológicos do Paraná — muitos localizados em terras de seus familiares, incluindo sua própria chácara. Em 1956, seu tio-avô Theófilo Pinto Ribeiro, ao folhear a Revista Cruzeiro, reconheceu em uma reportagem sobre as pesquisas do naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801–1880) realizadas em Minas Gerais, imagens semelhantes às encontradas em suas terras. Com o envolvimento da prefeitura, o Museu Paranaense entrou em contato com os arqueólogos franceses Annette Laming e Joseph Emperaire, que iniciaram os primeiros estudos arqueológicos na região. Desde então, Piraí do Sul tem ocupado um espaço de destaque no cenário dos estudos arqueológicos do Brasil.

A imagem mostra um paredão rochoso em meio à vegetação, com uma saliência escura na parte superior da formação. Na base da rocha, há pinturas rupestres em tons de vermelho, visíveis em uma área mais clara da pedra. As marcas parecem formar linhas e figuras geométricas. Galhos e folhas de árvores cercam a cena, sugerindo que o local está inserido em um ambiente de mata. A luz natural entra por entre as copas, iluminando parcialmente a paisagem.
Pinturas Rupestres em Piraí do Sul (Foto/Reprodução)

Ficou interessado pelo Museu da UEPG? Então, você tem que conferir quais outros espaços de divulgação científica existem perto de você também! Para fazer isso, é muito fácil: acesse aqui a versão digital do livro Espaços de Divulgação Científica do Estado do Paraná e divirta-se!

EQUIPE DESTA PÁGINA
Texto:
Nelson Silva Junior, Tiago Lucena e Luiza da Costa
Supervisão de Texto: Ana Paula Machado Velho
Arte: Heloísa Costa Cecilio e Geovanna Dias Gabriel
Supervisão de arte: Lucas Higashi
Edição Digital: Guilherme Nascimento

A pesquisa que mencionamos contribui para os seguintes ODS:

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