Dia 7 de julho, um domingo, começa a programação oficial da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O Paraná estará presente neste evento, que é considerado o maior na programação científica da América Latina. Centenas de cientistas, estudantes, professores e pessoas da comunidade em geral vão se reunir na Universidade Federal do Pará (UFPA) para a grande festa da ciência.

Para se ter ideia do que essa Reunião significa é importante saber quem a organiza. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) “é uma entidade civil, sem fins lucrativos ou posição político-partidária, voltada para a defesa do avanço científico e tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil”. É assim que a equipe se define oficialmente, no site da organização. 

A SBPC foi fundada em 1948 para exercer um importante papel na expansão e no aperfeiçoamento do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação, e na difusão e popularização da ciência no País.

Sediada em São Paulo, a SBPC está presente nos demais estados brasileiros por meio de Secretarias Regionais. Representa mais de 170 sociedades científicas a ela associadas e milhares de sócios ativos, entre pesquisadores, docentes, estudantes e cidadãos brasileiros interessados pela ciência.

A entidade participa ativamente de debates sobre questões que determinam os rumos das políticas científicas, ambientais, educacionais, culturais e de direitos humanos no Brasil. Tem assento permanente no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), órgão consultivo do governo federal para definição de ações prioritárias no campo da CT&I, e conta com representantes oficiais em cerca de 40 conselhos e comissões governamentais. 

Ainda segundo a divulgação feita pelo site da entidade, “a SBPC mantém sua independência absoluta de qualquer interferência política, e é de crítica construtiva aos atos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no País”.

Entre tantas atividades, a SBPC realiza eventos, de caráter nacional e regional, com o objetivo de discutir políticas e promover o engajamento da sociedade com temas ligados às diversas áreas do conhecimento. 

Na sessão de encerramento da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada  ano passado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, foi divulgado que a comunidade acadêmica e científica brasileira vai se encontrar, neste mês de julho, na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Guamá, em Belém.

Uma universidade da e na Amazônia

Criada em 2 de julho de 1957, a Universidade Federal do Pará é fruto da reunião de sete faculdades. Começou a expandir as atividades, criando novas unidades acadêmicas na capital e no interior, além de outros estados da Amazônia.

Atualmente, são doze campi. A UFPA abriga, ainda, a Escola de Aplicação, a Escola de Música e a Escola de Teatro e Dança, além de dois Hospitais Universitários, um hospital veterinário, clínicas e laboratórios diversos, um Teatro, um Museu, uma Galeria de Arte e inúmeros serviços de atendimento à comunidade.

No dia 23 de agosto do ano passado, no Centro de Eventos Benedito Nunes da UFPA, foi realizada a sessão de lançamento da SBPC 2024. Na programação, houve um painel sobre “Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo”. 

Naquela ocasião, os organizadores lembraram que a Instituição já recebeu o evento em outras duas ocasiões: em 1983, com as atividades ocorrendo no Campus Guamá; e, em 2007, com a concentração das atividades no Hangar Centro de Convenções da Amazônia. Em 2024, o evento voltará à Cidade Universitária, às margens do Rio Guamá.

“A UFPA é uma instituição muito importante no cenário científico da Amazônia, que busca cooperar com todos os atores regionais envolvidos com a pesquisa científica e tecnológica. Temos agora um interesse muito grande em recepcionar toda a comunidade científica brasileira na região, para debater a importância da Amazônia para todos e todas. A Amazônia se tornou o centro do mundo, hoje, porque o que acontece na região impacta não apenas quem lá vive, mas pessoas de todos os lugares e continentes”, destacou o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho. 

Tourinho ressaltou que, por sua localização, Belém tem sido sede de grandes e importantes eventos como sede: a “30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30)”, prevista para novembro de 2025, é um deles. 

Para o reitor, a Reunião Anual da SBPC será um momento para a preparação da intervenção da comunidade científica brasileira na COP-30. Tourinho disse que vivemos situações dramáticas na Amazônia e há o grande desafio de construir um horizonte diferente para a região, para os povos da Amazônia, um futuro com inclusão e com aproveitamento sustentável dos nossos recursos naturais.

“Esse futuro depende largamente de uma aliança entre a ciência e a sociedade, entre cientistas e movimentos sociais. Há muitas forças poderosas que operam em favor da devastação da Amazônia, da exploração não sustentável das suas riquezas e da destruição das condições de vida dos seus povos. Mudar essa história depende muito do que faremos, nós cientistas e os movimentos sociais da Amazônia”, destacou o reitor da UFPA.

O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, comemorou o fato de que o evento será um bom momento para antecipar as discussões globais que Belém receberá por ocasião da COP-30 e se preparar para elas. 

“Como nosso tema será ‘Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo’, pensamos em deflagrar a discussão de um novo paradigma entre o homem e a natureza. A Reunião da SBPC não tem temática exclusiva na agenda ambiental, mas, sem dúvida, esse será um eixo importante durante as discussões que deverá conciliar o respeito ao meio ambiente e aos povos tradicionais”, considerou Ribeiro. 

Temas 

Como adiantou o presidente, esta edição da SBPC terá como tema central a “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”.

Na programação estão previstos minicursos e web minicursos, conferências, mesas-redondas, painéis e rodas de conversa. Esse conteúdo foi preparado com o objetivo de levar aos participantes um panorama amplo do que melhor se faz em ciência na Região Norte e em todo o Brasil.

Confira abaixo toda a programação na galeria:

A secretária-geral da SBPC e responsável pela coordenação do evento, Cláudia Linhares Sales, destacou que, para a entidade, é uma grande alegria poder voltar à UFPA, uma referência em ciência, tecnologia e inovação na Amazônia. 

“A 76ª Reunião Anual dará continuidade aos diálogos amazônicos, buscando dar mais visibilidade aos pesquisadores e acadêmicos da região em um cenário de pré-realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025”, resumiu a professora.

Claudia Linhares conta ainda que, além das discussões ao redor do tema central do evento, a entidade também incluirá nos debates tópicos da política nacional como o orçamento e a estratégia para ciência, tecnologia e inovação, educação e saúde pública, entre outros temas. 

O reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Leandro Vanalli, onde o C² é produzido, comemorou a oportunidade de a Instituição participar da festa da ciência. “Somos uma das mais importantes instituições do Paraná e do Brasil, e vamos mostrar isso no Pará. Nossa equipe ainda vai contribuir presencialmente com discussões sobre temas ambientais fundamentais para o futuro do planeta, que vão ocorrer durante a SBPC”, lembrou o professor.

Quer saber mais sobre a programação da SBPC 2024? Acesse a outra reportagem da semana.

Há ainda um podcast sobre a história e o papel da SBPC. Ouça!

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Texto: Ana Paula Machado Velho
Revisão: Silvia Calciolari
Colaboração: Site da SBPC
Arte: Mariana Muneratti e Hellen Vieira
Supervisão de arte: Tiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior

Glossário

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