A imagem da ciência: do vídeo para o mundo

Produtos audiovisuais são utilizados como ferramentas de aproximação entre o universo acadêmico e o cotidiano

Para muitas crianças que viveram na década de 1990, um dos primeiros contatos com o mundo da ciência se deu pelo acesso ao programa semanal norte-americano chamado O Mundo de Beakman, de 1992, transmitido pela primeira vez no Brasil, em 1994, pela TV Cultura. Com materiais acessíveis e, muitas vezes, disponíveis em casa, o professor Beakman mostrava, ensinava e estimulava os telespectadores a realizarem experimentos, demonstrando conceitos científicos básicos às crianças, de forma simples e divertida.

Ao lado do amigo Lester (um rato de laboratório) e uma assistente, que mudou ao longo da série, entre Rosei, Liza e Phoebe, Beakman explicava, por exemplo, como funciona a pilha (vídeo abaixo) e tantos outros assuntos.

O desafio desse programa era o de apresentar a ciência com uma dose de entretenimento, mostrando e ensinando de forma lúdica conceitos que muitos de nós aprendemos na escola. O Mundo de Beakman mostrou que a iniciação à ciência pode ser transportada para a TV e outros meios de comunicação.

Atualmente, instituições de Ensino Superior públicas têm utilizado produções audiovisuais com objetivos semelhantes aos dos criadores do Mundo de Beakman: aproximar a população dos conhecimentos produzidos dentro do círculo acadêmico. Porém, apesar de ter a divulgação científica como uma das principais missões, essas instituições de ensino ainda enfrentam desafios para se desenvolver na área. 

Aqui no Conexão Ciência – C², projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Superintendência de Ciência, Tecnologia e ensino Superior do Paraná (Seti), os vídeos são produzidos como forma de aprofundar o assunto exposto nas reportagens, e são planejados de forma que também seja possível assistir como conteúdo único, completo e simplificado, no YouTube.

A principal responsável pela criação e edição dos produtos audiovisuais do C² é a estagiária Thamiris Saito, estudante do curso de Comunicação e Multimeios da UEM. No áudio abaixo, Thamiris explica como produz os vídeos para as reportagens do projeto.

🎧 A estudante de Comunicação e Multimeios da UEM e estagiária do projeto Conexão Ciência, Thamiris Saito, explica a dinâmica de produção audiovisual para as reportagens do C²

A produção audiovisual se ampliou com o período de distanciamento social durante a pandemia do Covid-19. A quantidade de lives com especialistas, como os vídeos do biólogo e pesquisador brasileiro Atila Iamarino e o ensino com esse recurso se amplificou. 

Esse também foi o caso do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), da UEM, que agora conta com o canal Amigos do Mudi, criado para que o vínculo com a comunidade pudesse ser mantido de alguma forma. Para isso, cursos de formação, palestras, lives e apresentação de conteúdos relacionados ao museu são alguns dos materiais produzidos.

Estudante de Comunicação e Multimeios da UEM e estagiária do Mudi, Maria Eduarda de Souza Oliveira relata que muito do que era feito presencialmente precisou ser adaptado para o online. Durante esse período, o aumento do número de pessoas que “visitam” os conteúdos do museu, agora de forma online, aumentaram consideravelmente, mostrando que essa estratégia de divulgação científica tem gerado bons resultados, como a aluna relata no áudio abaixo.

“Com o fechamento do museu e o encerramento das visitas do museu durante a pandemia, surgiu a necessidade de manter o vínculo do museu com a comunidade. Então, foi criado o canal dos Amigos do Mudi, para ser alimentado com conteúdos audiovisuais, que continuassem propagando o que o museu tem a oferecer”, explica a estudante. 

🎧 A estudante e estagiária do Mudi, Maria Eduarda de Souza Oliveira, fala sobre a importância da produção audiovisual para o Mudi

Assim como o C², existem muitos outros projetos de divulgação científica que apresentam seus vídeos pelo YouTube, como a revista eletrônica BITS Ciência, produzida pelos alunos de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, que também reproduz o conteúdo pela Unitevê, que integra o canal universitário, de Niterói.

Outras instituições, como a Universidade Federal de Santa Catarina, por exemplo, tem focado tanto nesse tipo de conteúdo, que apresenta, em sua página na internet, algumas dicas de como fazer um bom vídeo para a divulgação científica. 

A Academia de Ciência e Tecnologia, de São José do Rio Preto, é um projeto que também merece ser mencionado. No vídeo abaixo, temos um exemplo de como eles conseguem explicar, de forma lúdica e com muitas animações, um assunto complexo como a Diabetes.

Artigos científicos são importantes documentos para a divulgação da ciência, mas são escritos para outros cientistas, com palavras e termos específicos de cada área de conhecimento, por isso, apesar do esforço, muitas vezes essa divulgação não consegue transpor os muros das universidades. 

Para que haja uma real proximidade do mundo acadêmico com o mundo não acadêmico, é preciso mostrar como os conhecimentos científicos são ou podem ser usados no dia a dia da população, em atividades corriqueiras. Vídeos, podcasts e animações são ferramentas capazes de ilustrar de forma mais clara, simples e leve como isso acontece. 

O conteúdo desta página foi produzido por

Texto: Rafael Donadio
Edição de áudio: Rafael Donadio
Supervisão: Ana Paula Machado Velho
Arte: Murilo Mokwa
Supervisão de Arte: Thiago Franklin Lucena
Edição Digital: Gutembergue Junior


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